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Erro médico: Como evitar condenações? O guia definitivo para médicos se protegerem de processos

Evite processos por erro médico com boas práticas. Saiba como a documentação, o consentimento informado e os protocolos clínicos protegem sua atuação.

11/3/2025
João Vítor de Oliveira Silva

Doutores, sua atuação médica está realmente protegida de processos judiciais? Essa é uma pergunta que muitos profissionais da saúde só se fazem quando já estão sendo processados.

A verdade é que nem sempre um médico é condenado por um erro técnico evidente, e nem todo resultado negativo de um tratamento significa que houve falha médica. Muitas ações são movidas por insatisfação do paciente, por falta de informação clara ou até mesmo pela ausência de uma boa documentação no prontuário.

E quando um processo chega ao tribunal, o que realmente pesa para condenação ou absolvição?

Os julgamentos recentes mostram que dois fatores são decisivos na maioria das condenações:

  1. A comprovação de negligência, imprudência ou imperícia – ou seja, falha técnica na conduta do profissional;
  2. A ausência de um consentimento informado adequado – quando o paciente não recebe informações claras sobre riscos, alternativas e possíveis complicações.

Por outro lado, médicos são absolvidos quando conseguem demonstrar que seguiram as boas práticas clínicas e documentaram corretamente sua conduta.

Se você quer atuar com mais segurança e reduzir os riscos de processos, este artigo vai te mostrar as principais boas práticas que diminuem significativamente a chance de uma condenação.

1. A regra de ouro: Documentação é sua melhor defesa

Se existe um fator que pode definir o desfecho de um processo por erro médico, é a documentação adequada. Muitos médicos acreditam que a perícia médica será suficiente para comprovar que sua conduta foi correta, mas a verdade é que, sem um prontuário bem preenchido, a defesa pode se tornar extremamente difícil.

Na prática, o que os tribunais analisam em primeiro lugar não é a sua palavra ou a do paciente, mas sim os registros médicos. Se a informação não está documentada, ela simplesmente não existe para o juiz.

O que os casos julgados mostram?

O que você deve fazer na prática?

Conclusão prática

Se existe um único hábito que pode evitar condenações desnecessárias, é o preenchimento correto do prontuário médico. Quando bem feito, ele não só protege o médico, mas também reforça a transparência no atendimento, reduzindo conflitos com pacientes.

2. O dever de informação: O que todo médico precisa fazer para evitar processos

Muitos médicos acreditam que serão processados apenas se cometerem um erro técnico. No entanto, um dos principais motivos de condenação não está na conduta médica em si, mas na falta de comunicação com o paciente.

Tribunais têm entendido que o paciente tem direito à informação clara e completa sobre seu tratamento, riscos, alternativas e possíveis complicações. Quando esse dever de informação não é cumprido adequadamente, mesmo que o procedimento tenha sido tecnicamente correto, o médico pode ser condenado por danos morais.

O que os casos julgados mostram?

O que você deve fazer na prática?

Conclusão prática

Médicos são frequentemente condenados não porque erraram tecnicamente, mas porque o paciente não foi adequadamente informado sobre o que iria acontecer com ele. A chave para evitar esse problema é garantir que o paciente compreendeu seu tratamento e que isso foi devidamente registrado.

3. Seguir protocolos: A melhor defesa contra acusações de negligência

Médicos não são julgados com base em resultados, mas sim em condutas. Em muitos casos, complicações podem ocorrer mesmo quando tudo é feito corretamente. O que diferencia uma absolvição de uma condenação é a capacidade de demonstrar que o tratamento seguiu as diretrizes médicas estabelecidas.

Se um paciente sofre um dano e decide processar, o tribunal irá avaliar se o médico seguiu os protocolos clínicos reconhecidos para aquele procedimento. Se sim, dificilmente haverá condenação, pois o profissional estará respaldado pela prática médica consolidada.

O que os casos julgados mostram?

O que você deve fazer na prática?

Conclusão prática

A melhor defesa para um médico não é apenas sua experiência, mas o respaldo técnico e científico de sua conduta. Quando os protocolos são seguidos e documentados corretamente, qualquer eventual complicação será vista como um risco inerente ao ato médico, e não como um erro profissional.

Conclusão: A medicina defensiva inteligente

Muitos médicos acreditam que o risco de um processo judicial é algo distante, até que se tornam réus em uma ação por erro médico. Mas a boa notícia é que grande parte das condenações pode ser evitada com práticas simples e preventivas.

Os casos analisados mostram que médicos não são condenados apenas por falhas técnicas, mas principalmente por erros evitáveis na documentação, na comunicação com o paciente e no cumprimento dos protocolos clínicos.

Se há três pilares que reduzem drasticamente o risco de condenação, eles são:

  1. Documentação bem feita. Se não está no prontuário, para o juiz, não aconteceu. Registre cada decisão, cada orientação e cada recusa do paciente;
  2. Consentimento informado adequado. Não basta entregar um termo para o paciente assinar. É preciso garantir que ele compreendeu o procedimento e seus riscos;
  3. Adesão a protocolos médicos. Se você seguiu as diretrizes técnicas reconhecidas e pode provar isso, sua defesa será muito mais forte.

O exercício da medicina envolve riscos naturais, mas o risco jurídico pode ser minimizado com prevenção e organização. Um médico bem documentado e respaldado por protocolos tem muito menos chances de ser condenado, mesmo que ocorra um desfecho negativo para o paciente.

Se você deseja fortalecer sua segurança jurídica e atuar com mais tranquilidade, contar com um suporte especializado pode ser um grande diferencial. Afinal, prevenir um processo é sempre melhor do que ter que se defender em um.

João Vítor de Oliveira Silva

Sócio do RS Advocacia Empresarial. Formado PUC-SP. Especialista em Direito Médico e responsável pelas áreas de saúde, tributário e contencioso cível.

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