Com a crescente mobilidade internacional, muitos brasileiros possuem filhos que nasceram ou vivem no exterior. Essa realidade, porém, traz desafios importantes no campo sucessório e patrimonial.
Sem um planejamento sucessório internacional personalizado, os herdeiros podem enfrentar:
- Conflitos de leis entre Brasil e o país onde residem.
- Impostos de transmissão elevados em ambos os países.
- Dificuldades para acessar heranças e administrar bens.
- E até perda parcial do patrimônio transmitido.
Neste artigo, você vai entender:
- Quais são os principais riscos.
- Como funciona a sucessão transnacional.
- E como proteger os herdeiros com planejamento legal e eficiente.
Os desafios da sucessão para filhos no exterior
Quando os herdeiros vivem em outro país, o processo de inventário e transferência de bens pode envolver duas legislações sucessórias distintas:
- A brasileira, que não admite renúncia à legítima e tributa heranças acima de certos limites.
- A legislação do país de residência, que pode prever alíquotas altíssimas de imposto sobre herança (até 55% nos EUA e Japão, por exemplo) e regras restritivas.
Além disso:
- Cada país possui normas para aceitação de testamentos estrangeiros;
- Pode haver exigência de registro ou homologação judicial;
- Criptoativos, participações em holdings e ativos digitais muitas vezes ficam fora do radar.
Se não houver planejamento prévio, o inventário se torna complexo, caro e demorado - prejudicando o patrimônio e a segurança dos herdeiros.
Como funciona a sucessão internacional de bens
Situação |
Regra Aplicável |
---|---|
Bens situados no Brasil |
Seguem a legislação sucessória brasileira |
Bens situados no exterior |
Regra geral: legislação do local onde o bem está |
Filhos residentes no exterior recebendo bens no Brasil |
Tributados pelo ITCMD local (Brasil) e pelo imposto de herança no país de residência |
Bens digitais e criptoativos |
Necessitam de planejamento específico e cláusulas expressas em testamento ou holding |
Estratégias para proteger os herdeiros e o patrimônio
1. Elaboração de testamento internacional
Permite centralizar a sucessão dos bens em diferentes países, com validade perante a legislação brasileira e estrangeira.
2. Criação de holding familiar internacional
Transferir bens e investimentos para holdings internacionais ou offshore permite:
- Reduzir ou diferir impostos sucessórios.
- Facilitar a transmissão de cotas em vez de bens individualizados.
- Evitar inventários em diferentes países.
3. Trusts e fundos patrimoniais
Instrumentos consagrados em países como EUA, Reino Unido e Portugal:
- Protegem patrimônio contra tributos elevados.
- Garantem administração profissional.
- Definem regras específicas de distribuição.
4. Seguro de vida com beneficiário no exterior
Permite liquidez imediata para herdeiros internacionais, evitando bloqueios judiciais e tributação excessiva.
5. Planejamento fiscal e tributário internacional
Análise comparada de alíquotas e isenções nos países envolvidos, para definir a estrutura mais vantajosa.
Questões importantes: Dupla tributação e acordos internacionais
Um dos maiores riscos é a dupla tributação de heranças:
- Brasil cobra ITCMD sobre bens no país.
- País de residência do herdeiro cobra imposto local sobre heranças internacionais.
Nem todos os países possuem acordos com o Brasil para evitar isso. É o caso dos EUA, Canadá e Japão.
Para mitigar:
- Estruturar holdings e trusts.
- Definir residência fiscal e domicílio sucessório estratégico.
- Usar cláusulas de eleição de foro e legislação no testamento.
Sucessão de criptoativos e ativos digitais para filhos no exterior
Com o crescimento de criptoativos e contas digitais:
- É indispensável indicar herdeiros digitais.
- Incluir carteiras digitais, senhas e chaves privadas em testamento ou codicilo.
- Utilizar cofres digitais com acesso controlado e nomeação de gestores.
Sem isso, esses ativos podem se perder para sempre.
Conclusão
O planejamento sucessório para filhos residentes no exterior deixou de ser uma questão apenas de grandes fortunas.
Mesmo famílias de classe média com imóveis, investimentos e contas fora do Brasil podem enfrentar custos altos e conflitos jurídicos sem um planejamento adequado.
Por isso:
- Planeje sua sucessão com especialistas em Planejamento Patrimonial e Sucessório Internacional.
- Elabore testamentos compatíveis com as legislações dos países envolvidos.
- Estruture holdings, seguros e instrumentos de proteção fiscal.
Isso garante segurança, economia e evita litígios familiares no futuro.
5 FAQs
1 - Filhos residentes no exterior precisam pagar imposto de herança no Brasil?
Sim, sobre bens localizados no Brasil, via ITCMD.
2 - Posso escolher a legislação de outro país para a sucessão?
Sim, desde que permitido pelo país de residência e informado em testamento.
3 - Trust criado no exterior protege contra imposto no Brasil?
Parcialmente. Depende da estrutura e reconhecimento jurídico brasileiro.
4 - Holdings familiares ajudam a reduzir impostos sucessórios?
Sim, pois transmitem cotas, que podem ser transferidas por doação ou sucessão com regras próprias.
5 - Como proteger meus criptoativos para herdeiros internacionais?
Com herdeiro digital nomeado, cofres virtuais e cláusulas específicas em testamento.