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Levei um strike no YouTube: O que fazer e como um advogado pode te ajudar?

Este artigo explica o que é um strike no YouTube, quais as consequências e como a atuação jurídica pode ajudar a resolver ou prevenir o problema.

24/6/2025
Camila Betanin

Se você cria conteúdo no YouTube, já deve ter ouvido falar nos temidos strikes. Eles podem surgir de forma repentina, colocar em risco o seu canal e, muitas vezes, sem que você entenda exatamente o que aconteceu. 

Neste artigo, vou responder às principais dúvidas sobre o tema e explicar, com base jurídica, o que você pode - e deve - fazer se isso acontecer com você.

1. O que é um strike no YouTube?

Um strike é uma penalidade aplicada pelo YouTube quando o criador infringe regras da plataforma. Existem dois tipos principais:

a) Strike por violação de direitos autorais (copyright strike): ocorre quando você usa conteúdo protegido por direitos autorais - como músicas, vídeos, imagens ou trechos de outras obras - sem a devida autorização ou fora das hipóteses de uso permitido.

b) Strike por violação das diretrizes da comunidade (community guidelines strike): é aplicado quando o conteúdo publicado infringe as normas internas da plataforma, como discursos de ódio, nudez, violência gráfica, assédio, entre outros.

Em regra, a aplicação de strikes segue um sistema progressivo: ao receber 3 strikes, no período de 90 dias, seu canal é permanentemente removido da plataforma.

2. Quanto tempo dura um strike no YouTube?

A penalidade de um strike dura, em regra, 90 dias. 

Durante esse período, o criador precisa tomar cuidado redobrado, pois acumular dois ou três strikes pode trazer consequências graves.

a) strike: bloqueio de postagens e lives por 1 semana.

b) strike (no período de 90 dias): restrição por 2 semanas.

c) strike: encerramento permanente do canal.

Após os 90 dias, o strike é removido do canal, desde que nenhuma outra regra tenha sido violada.

3. O que significa dar um strike em um canal do YouTube?

Quando uma pessoa ou empresa registra uma denúncia no YouTube - seja por violação de direitos autorais ou por conteúdo impróprio - a plataforma avalia e, se considerar procedente, aplica um strike. Ou seja, é um processo unilateral e automatizado na maioria dos casos.

Isso significa que o strike pode ser resultado de erro, denúncia indevida ou uso legítimo do conteúdo (como no caso de fair use), mas ainda assim gerar bloqueio. 

Nesses casos, o criador deve agir com estratégia e conhecimento jurídico.

4. Como saber se levei um strike no YouTube?

Na maioria das vezes, você será notificado por e-mail e poderá ver o status do strike no YouTube Studio, em “Canal > Status e recursos”. 

Lá constam detalhes como o tipo de strike, o vídeo afetado, a data da penalidade e os prazos para recurso. Ignorar essa notificação ou responder de forma precipitada pode piorar a situação. 

Ainda, em muitos casos, os criadores excluem o vídeo penalizado, o que inviabiliza a defesa. Por isso, é essencial buscar orientação profissional antes de agir.

5. O que fazer se levar um strike no YouTube?

a) Etapa 1: avaliação estratégica

i) Leia atentamente a notificação: identifique se o strike foi por direitos autorais ou diretrizes da comunidade;

ii) Não exclua o vídeo: o conteúdo é necessário para eventual contestação;

iii) Avalie a procedência da alegação: foi erro? Foi uso legítimo? Há contexto jornalístico, educativo ou crítico?

b) Etapa 2: resolvendo strikes por direitos autorais

Em regra, você tem três caminhos:

i) Esperar os 90 dias: se não houver novos problemas, o strike expira;

ii) Solicitar retratação: entre em contato com o reclamante e tente um acordo para retirada da denúncia;

iii) Enviar uma contra-notificação formal: se você tem base legal (por exemplo, fair use, licença, domínio público ou uso autorizado), pode recorrer via YouTube. É uma medida jurídica e, caso o autor mantenha a denúncia, pode haver processo judicial.

Importante: ao enviar uma contra-notificação, você assume a responsabilidade legal sobre a legitimidade do conteúdo. É altamente recomendado que essa etapa seja feita com auxílio de um advogado.

c) Etapa 3: recorrendo a strikes por diretrizes da comunidade

i) Revise o conteúdo e entenda o motivo alegado;

ii) Solicite reavaliação diretamente pelo YouTube Studio;

iii) Use canais oficiais para fazer contato;

iv) Considere apoio jurídico se o conteúdo teve finalidade artística, jornalística, educacional ou de denúncia.

Conclusão

Um strike no YouTube não precisa ser o fim da linha - mas é, sim, um alerta

Entender os tipos de penalidade, como reagir e quando buscar ajuda pode salvar seu canal.

Criadores que tratam seu canal como um negócio sabem que a melhor defesa é a prevenção aliada a uma estratégia jurídica sólida.

Camila Betanin

Advogada | Professora | Especialista em Direito Digital, Creator Economy e Gaming Law | Sócia-Fundadora do Betanin & Leal - Advocacia e Consultoria.

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