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4 doenças do coração que garantem isenção do Imposto de Renda

Saiba quais doenças do coração - cardiopatias são reconhecidas como graves pela lei e como o aposentado pode solicitar o benefício e recuperar o que pagou indevidamente.

23/10/2025
Aline Vasconcelos

Milhares de aposentados e pensionistas portadores de doenças cardiovasculares continuam pagando Imposto de Renda sobre seus proventos, mesmo tendo direito legal à isenção prevista na lei 7.713/1988.

O desconhecimento sobre o que é considerado “cardiopatia grave” faz com que muitos percam valores expressivos que poderiam ser restituídos retroativamente em até cinco anos.

Neste artigo, explico de forma objetiva quais doenças cardíacas garantem o direito, quais critérios médicos e legais devem ser atendidos e como solicitar o benefício.

O que diz a lei

O art. 6º, inciso XIV, da lei 7.713/1988, garante a isenção do Imposto de Renda sobre proventos de aposentadoria, pensão ou reforma quando o contribuinte for portador de moléstia profissional ou doença grave, entre as quais se inclui a cardiopatia grave.

E vale pontuar que o STJ (súmula 627) afirma que o direito à isenção não depende da contemporaneidade dos sintomas, bastando o diagnóstico médico que comprove a existência da doença e sua gravidade.

A cardiopatia grave é uma condição em que o funcionamento do coração está comprometido de forma permanente, colocando em risco a vida ou a capacidade laboral do paciente.

Em termos médicos e legais, trata-se de um conjunto de doenças cardíacas que causam insuficiência no bombeamento do sangue, arritmias complexas, risco de morte súbita ou necessidade de tratamentos contínuos e invasivos, como cirurgias, marcapasso ou uso constante de medicamentos.

Para fins de isenção do Imposto de Renda, a cardiopatia é considerada grave quando apresenta caráter irreversível, limitações físicas relevantes e requer acompanhamento médico regular, ainda que o paciente esteja em tratamento ou clinicamente compensado.

Dentre as cardiopatias reconhecidas que podem garantir a isenção, destacam-se a cardiopatia isquêmica grave (CID I25.5), a fibrilação atrial persistente e arritmias complexas (CID I48), a doença cardiovascular aterosclerótica (CID I25.0) e a insuficiência cardíaca congestiva (CID I50) - todas com potencial para enquadramento legal como doenças graves, desde que devidamente comprovadas por laudo médico especializado.

1. Cardiopatia isquêmica grave (CID I25.5)

A cardiopatia isquêmica ocorre quando há obstrução nas artérias coronárias, reduzindo o fluxo sanguíneo ao coração.

Nos casos graves - geralmente com histórico de infarto, angina instável ou necessidade de revascularização - há risco elevado de morte súbita e limitação funcional importante.

Esses quadros configuram cardiopatia grave para fins de isenção, especialmente quando há laudos indicando incapacidade laboral permanente ou uso contínuo de medicamentos.

2. Fibrilação atrial e arritmias complexas (CID I48)

A fibrilação atrial persistente ou crônica, assim como outras taquiarritmias ventriculares, podem gerar insuficiência cardíaca, síncopes e risco de parada cardíaca.

Quando exigem implante de marcapasso ou cardiodesfibrilador (CDI), o quadro é considerado grave, dando direito à isenção.

O ponto-chave é a comprovação médica de que a arritmia é irreversível, incapacitante ou de risco elevado, e não apenas episódica.

3. Doença cardiovascular aterosclerótica (CID I25.0)

A aterosclerose coronariana - acúmulo de placas de gordura nas artérias - é uma das causas mais comuns de infarto.

Quando evolui para obstrução significativa, angina refratária ou necessidade de stent/cirurgia, também se enquadra como cardiopatia grave.

Muitos aposentados com esse diagnóstico continuam tributados indevidamente por falta de orientação, embora tenham laudos que comprovam a natureza crônica e progressiva da doença.

4. Insuficiência cardíaca congestiva (CID I50)

A insuficiência cardíaca é o estágio final de diversas cardiopatias, quando o coração perde a capacidade de bombear sangue adequadamente.

Causa falta de ar, inchaço, fadiga extrema e limitação física acentuada.

Por ser uma condição de caráter permanente e progressivo, é amplamente reconhecida como doença grave para fins de isenção, inclusive quando compensada por tratamento.

Como solicitar a isenção

O pedido pode ser feito:

Em ambos os casos, o contribuinte pode requerer:

Conclusão

A isenção do Imposto de Renda por cardiopatia grave é um direito que garante dignidade financeira a quem já enfrenta os desafios de uma doença crônica.

Infelizmente, muitos aposentados continuam pagando imposto por falta de informação ou de orientação jurídica especializada.

Revisar os proventos e buscar a restituição pode representar uma economia de milhares de reais, além de corrigir uma injustiça fiscal.

Aline Vasconcelos

Advogada especialista em Direito da Saúde, com 15 anos de experiência na defesa de pacientes contra planos de saúde e na garantia de acesso a tratamentos e direitos essenciais.

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