O desembargador Kassio Nunes Marques está a poucos dias da sabatina no Senado, que irá analisar sua indicação ao STF. O rito está marcado para a próxima quarta-feira, 21.
Kassio é nascido na periferia de Teresina, filho de professores da rede pública e pai de três filhos.
Na infância, junto com os colegas de bairro, jogava bola pelas ruas próximas de sua residência, pavimentadas de forma irregular, ou seguia para o “tapete sujo”, nome dado ao campinho de futebol improvisado no bairro.
Nos dias de calor (e nesse aspecto o Piauí não é avarento), Kassio ia, escondido dos pais, nadar no rio Parnaíba, que ficava a 2km de sua casa.
As peraltices da infância forjaram a simpatia e humildade que são símbolos do julgador.
{INNER_BANNER_AREA}
Não sem muita luta, os zelosos pais, que trabalhavam em três turnos diários, conseguiram pagar sua educação em um tradicional colégio católico do Estado.
Tinha o sonho de bacharelar-se em Direito. Concorreu a uma das 70 disputadas cadeiras oferecidas pela prestigiosa Universidade Federal do Piauí, tendo sido aprovado.
Nesse período, as contas pessoais eram pagas com muito esforço e trabalho. À noite, no ônibus que fazia o trajeto da Universidade para casa ia solitário delineando os sonhos do futuro.
Futuro esse que, por mais que ele próprio desenhasse promissor, não imaginava o que o destino lhe reservaria.
Advocacia
Primeiro advogado de toda sua família, começou a vida jurídica dividindo um escritório com mais dois advogados. Também tinha, vejam só, um carrinho de cachorro-quente para complementar a renda. Mais tarde arriscou-se comprando uma casa lotérica, que ninguém desejava, e que largou nove anos depois, quando sentiu que os assaltos estavam aumentando na região.
E a sorte não estaria mesmo na loteria; era preciso persistir na vida jurídica.
E, de fato, o escritório progrediu e o reconhecimento foi chegando. Em 2006, foi eleito conselheiro seccional da OAB/PI. A inspiração para atuar na carreira pública veio de uma juíza. Com efeito, a primeira magistrada do Piauí, primeira presidente do TJ/PI, e primeira presidente do TRE/PI, Eulália Maria Ribeiro Gonçalves, o incentivou a seguir novos rumos.
Magistratura
Integrou o TRE/PI, na classe dos juristas. Depois, alçando novos horizontes, concorreu para a vaga no TRF-1 destinada aos advogados. Foi o mais votado no Conselho Federal da OAB, tendo sido nomeado em abril de 2011. Chegava, pois, à Capital Federal.
Em Brasília, com um gabinete reconhecidamente organizado, que bem recebia os advogados, destacou-se como judicioso magistrado.
Quando foi eleito para vice-presidência do Tribunal Regional Federal, buscou e logrou êxito em atuar de modo efeciente. Manteve uma média de 600 decisões diárias, seguindo as jurisprudências do STF e orientações para recursos repetitivos do STJ, o que permitiu se debruçar com dedicação aos processos mais complexos.
Supremo Tribunal Federal
Neste ano de 2020, em plena pandemia, coroando uma carreira cheia de vicissitudes, teve a ventura de ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga do STF, aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello.
Será o primeiro nordestino a ocupar uma cadeira no Supremo desde 2012, quando o ministro Carlos Ayres Britto deixou a Corte. Será, também, o 6º piauiense na história do Supremo.
Que seja, pois, muito bem-vindo.