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Homem usa advogado criado por IA e é repreendido por juíza: “não gosto de ser enganada”

“Seria bom saber disso quando você fez sua solicitação. Você não me informou, senhor”, afirmou a juíza.

8/4/2025

Uma audiência na Corte de Apelações de Nova York foi interrompida após a juíza Sallie Manzanet-Daniels perceber que um dos participantes era, na verdade, um avatar gerado por inteligência artificial. O episódio ocorreu em 26 de março e envolveu Jerome Dewald, autor de uma ação trabalhista que tentava apresentar seus argumentos por meio de um vídeo protagonizado por um “advogado virtual”.

Assista ao momento, a partir do minuto 19:

Segundo relato da juíza, Dewald havia solicitado previamente o uso de um vídeo pré-gravado para expor suas alegações. No entanto, durante a sessão, o conteúdo surpreendeu os magistrados. O vídeo mostrava um homem jovem, com vestimenta formal e postura confiante, que começou a se apresentar diante do painel de cinco juízes.

"Ok, espere um pouco", interrompeu a magistrada. "Esse é o advogado do caso?"

Diante da pergunta, Dewald esclareceu que o indivíduo na gravação não existia. “Fui eu que gerei isso. Essa pessoa não é real”, respondeu, revelando tratar-se de um avatar criado por IA.

A reação da juíza foi imediata: “Seria bom saber disso quando você fez sua solicitação. Você não me informou, senhor”, afirmou, ordenando que o vídeo fosse interrompido. “Não gosto de ser enganada”, completou.

Posteriormente, Dewald enviou uma carta ao tribunal pedindo desculpas pelo ocorrido. Ele explicou que não tinha advogado e achou que a IA poderia apresentar seus argumentos de maneira mais clara, evitando hesitações.

Em entrevista à agência Associated Press, o autor do processo afirmou que usou um software comercial para gerar o avatar e que sua intenção inicial era criar uma versão digital de si próprio, mas não teve sucesso na personalização. 

Veja a versão completa

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