O mercado jurídico brasileiro, historicamente dominado por homens brancos, tem começado a se mover — ainda que timidamente — em direção à diversidade. Nesse cenário, a advogada Dione Assis, sócia do Galdino, Pimenta, Takemi, Ayoub, Salgueiro, Rezende de Almeida Advogados, funda o Black Sisters in Law (BSL), rede que surge como uma iniciativa essencial, não apenas para corrigir desigualdades históricas, mas também para fortalecer a presença e a liderança de mulheres negras na advocacia.
Criada em 2022, a rede nasceu como um grupo de WhatsApp entre colegas e, com o tempo, tornou-se um ecossistema jurídico com mais de 8 mil advogadas negras cadastradas em todo o Brasil e no exterior.
O BSL surgiu de uma dor coletiva: a ausência de representatividade e oportunidades reais para mulheres negras no Direito, além do racismo estrutural que impede sua ascensão em escritórios, departamentos jurídicos e no Judiciário. Hoje, a rede atua em múltiplas frentes — com destaque para mentoria, formação, visibilidade, saúde mental e indicações profissionais — criando um espaço seguro e potente para o crescimento individual e coletivo dessas mulheres.
Os resultados concretos já são visíveis. Diversas profissionais conseguiram emprego, promoções ou novas oportunidades por meio de indicações feitas dentro da própria comunidade. Mais do que vagas, trata-se de reconhecimento e pertencimento em um sistema que historicamente as exclui. Ao fortalecer essas mulheres, o BSL também questiona e pressiona o mercado a romper com práticas excludentes e racistas, muitas vezes mascaradas sob o discurso da meritocracia. A iniciativa atua em diversas frentes — da mentoria à saúde mental, da conexão com grandes bancas à realização de eventos como o prêmio “Best Sisters in Law” — e já firmou parcerias com empresas como GPA, Bayer, Uber, Ambev, L’Oréal e iFood.
Segundo Dione Assis, fundadora da rede, o BSL nasceu da necessidade de criar caminhos onde antes havia bloqueios. "Nós não queríamos apenas sentar à mesa, queríamos redesenhar a mesa, mudar as regras e garantir que mulheres negras tivessem não só acesso, mas protagonismo", afirma.
Reconhecida por sua liderança transformadora, Dione também participa de entidades jurídicas nacionais e internacionais, tendo contribuído diretamente para a última edição da Brazil Conference. Sua trajetória une excelência técnica e compromisso social, tornando-a uma referência tanto na advocacia empresarial quanto na construção de um futuro mais inclusivo no Direito.
O trabalho da rede já inspirou ações concretas de inclusão dentro e fora do campo jurídico, com parcerias com grandes empresas, projetos de desenvolvimento de carreira e promoção da equidade racial. Essas alianças demonstram que diversidade não é apenas uma pauta de impacto social: é uma estratégia de inovação, justiça e transformação institucional.
Mais do que uma rede, o Black Sisters in Law é um movimento. Uma resposta concreta ao racismo estrutural que permeia o sistema de justiça, e um exemplo de como mulheres negras, quando conectadas e fortalecidas, são capazes de abrir caminhos, ocupar espaços e ressignificar o poder dentro do Direito brasileiro.