Nem só de acórdãos vive o Supremo.
Entre um julgamento e outro, o futebol também encontra espaço no coração dos ministros - cada qual com sua paixão clubística, suas cores e superstições.
No STF, a arquibancada é plural: vai de Itaquera à Gávea, da Vila Belmiro ao Couto Pereira.
Veja para que time torce cada ministro.
- André Mendonça - Santos;
- Gilmar Mendes - Santos;
- Cristiano Zanin - São Paulo;
- Dias Toffoli - Palmeiras;
- Luiz Fux - Fluminense;
- Edson Fachin - Coritiba;
- Alexandre de Moraes - Corinthians;
- Nunes Marques - Flamengo;
- Flávio Dino - Botafogo;
- Cármen Lucia - Sem time.
Em SP
Entre os paulistas, o clássico é garantido.
Alexandre de Moraes é corintiano convicto, do tipo que não esconde o escudo nem nas transmissões de sessões virtuais. Durante a pandemia, quando as sessões passaram a ocorrer de forma remota, Moraes apareceu diante das câmeras segurando uma caneca com o escudo do Corinthians, deixando claro que até na intimidade do lar a paixão alvinegra seguia firme.
Em 2024, a 1ª turma do STF analisava um processo que envolvia o Corinthians quando Flávio Dino, botafoguense, brincou dizendo que era contra a "venda do Memphis Depay para pagar a dívida do clube".
Moraes não perdeu a chance de responder:
"Não há dívida. Vai haver um Pix da Gaviões da Fiel, diretamente na Caixa, e todos os corinthianos vão pagar, e ainda vai sobrar dinheiro."
O ministro também participou da vaquinha promovida pelo clube para quitar a dívida da Arena. Ganhou certificado de doador, orgulhosamente divulgado.
Em julho, após ser sancionado pela Lei Magnitsky, foi visto ao lado da esposa em um clássico contra o Palmeiras, entoando com os torcedores o tradicional "Vai, Corinthians!".
Na sessão da 1ª turma que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, Moraes se queixou de ter perdido dois terços de uma partida do Timão devido ao voto longo do ministro Luiz Fux.
Já Dias Toffoli veste o verde do Palmeiras com orgulho - e até recebeu, em sua posse como presidente da Corte, uma camisa autografada pelo elenco alviverde, presente do rival de arquibancada Moraes.
Cristiano Zanin, a seu turno, torce pelo São Paulo com discrição, mas fidelidade.
No litoral, o Santos tem lugar de honra com dois torcedores declarados: Gilmar Mendes e André Mendonça.
O último, inclusive, costuma frequentar a Vila Belmiro e já exibiu nas redes a carteirinha de sócio do clube.
No RJ
No eixo do Rio de Janeiro, o Fla x Flu marca presença.
Nunes Marques tem amor pelo Flamengo. Luiz Fux, por sua vez, leva o Fluminense no coração.
Já Flávio Dino assume com entusiasmo o Botafogo.
No final de 2024, o ministro celebrou seu casamento com Daniela Lima, em São Luís/MA. A cerimônia coincidiu com a histórica vitória do Botafogo sobre o Atlético-MG, que garantiu ao clube o primeiro título da Libertadores.
Em vídeo que circulou nas redes, Dino aparece segurando a camisa alvinegra e comemorando a conquista ao som do hino botafoguense, em cena que uniu emoção pessoal e paixão esportiva.
Entre RS e PR
Embora tenha nascido em Rondinha, no Rio Grande do Sul, Edson Fachin não torce nem para o Grêmio, nem para o Internacional - as paixões mais tradicionais de seu Estado natal.
O ministro leva ao Supremo o coração paranaense: é torcedor declarado do Coritiba, o Coxa.
Neutralidade...
Há também quem prefira manter a imparcialidade fora dos autos.
Cármen Lúcia, mineira, adota a discrição e o equilíbrio típicos da magistratura: não se compromete com nenhuma torcida, embora seja difícil acreditar que, em tempos de Copa do Mundo, ela resista à magia contagiante do futebol.