No segundo dia de julgamento dos acusados de integrar o chamado "núcleo duro" do governo Bolsonaro em suposta trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022, o advogado Matheus Mayer Milanez apresentou a defesa do general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI - gabinete de Segurança Institucional.
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Em sustentação oral, o causídico apresentou em plenário uma página da agenda pessoal do militar com a anotação:
"Presidente tem que tomar vacina."
Segundo a defesa, o registro evidencia que Heleno não compartilhava integralmente das posições de Jair Bolsonaro e chegou a divergir em temas relevantes, como a imunização contra a Covid-19.
"Está comprovado, esse afastamento da cúpula decisória", afirmou Milanez, ressaltando que o general manteve autonomia de pensamento e não atuava como conselheiro do então presidente.
Veja o momento:
O advogado reconheceu que Heleno teve papel político de destaque no início do governo, mas frisou que sua influência diminuiu ao longo do tempo.
Para reforçar o argumento, citou depoimento do diretor da Segurança Presidencial, segundo o qual o general foi gradualmente afastado das principais decisões.
"Ele perdeu influência. Com as mais forçosas vênias, mas, está claro - comprovado a rodo, já diria na minha terra - esse afastamento", disse Milanez, ao pedir a absolvição do cliente.