Durante o julgamento do chamado Núcleo 4 da tentativa de golpe de Estado, ministra Cármen Lúcia analisou a diferença essencial entre regimes democráticos e autoritários e destacou a importância da confiança como base da democracia.
"Democracia vive da confiança. Ditadura vive da desconfiança. A confiança se constrói com liberdade. A desconfiança também se constrói com medo, violência e virulência", afirmou a ministra.
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Cármen Lúcia ressaltou que "ninguém dá golpe sozinho", lembrando episódios da história brasileira em que tentativas autoritárias fracassaram justamente pela ausência de apoio popular.
A ministra enfatizou que tanto o golpe quanto a democracia são processos que se constroem ao longo do tempo.
"Não se dá golpe de Estado de um dia para o outro. Porque também a democracia se constrói no curso de uma história de um povo, formulando e reformulando e reinventando as instituições democráticas", afirmou.
S. Exa. destacou o papel do núcleo da desinformação na preparação para o ataque às instituições democráticas.
Segundo a ministra, esse grupo adubou com mentiras e violências o terreno para desacreditar as urnas eletrônicas e minar a confiança nas instituições.
"Portanto, quando se faz a leitura de um núcleo chamado de desinformação, que adubará o terreno do que viria a ser o golpe. Se aquele grupo não se sagrasse vencedor nas eleições, adubando com mentiras e violências e, portanto, plantando-se a desconfiança e a incredibilidade nas instituições democráticas, nas urnas eletrônicas especificamente, quase como símbolo do que representava nada ser crível. E, portanto, era preciso que aparecesse alguém que fechasse tudo como se fosse um freio de arrumação ditatorial.", disse.
A ministra concluiu que o trabalho de disseminação de desinformação fez parte de um "complexo de atividades criminosas" que culminou na tentativa de golpe de Estado, cujo propósito, segundo S. Exa., estava presente desde o início.