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"Cale a boca a senhora!"

Entrevista: Juíza que discutiu com promotora em Júri explica ocorrido

Magistrada Fernanda Moura disse que papel de juiz em Júri é também de mediar. "Foi preciso intervir".

Da Redação

terça-feira, 22 de março de 2022

Atualizado às 12:18

"Não houve tolhimento à liberdade de expressão. Pelo contrário, houve asseguramento à liberdade de expressão." Assim afirmou a juíza de Direito Fernanda Moura de Carvalho sobre bate-boca que protagonizou com a promotora de Justiça Eliane Gaia durante o Tribunal do Júri no caso Tamarineira.

A juíza determinou que a promotora se calasse durante interrogatório do réu, após a defesa apontar que a representante do MP teria feito um gestual no sentido de que o réu estava fingindo o choro.  "Cale a boca a senhora! Sente-se", bradou a juíza à promotora.

Em conversa com o Migalhas, a magistrada explicou o ocorrido. Ela destacou que o Júri é um ambiente de debates acalorados, e que o papel de juiz em julgamentos do Júri é também o de mediar. "Houve uma intervenção. Precisou haver."

"Aquele momento era de absoluto respeito ao cidadão que está sendo interrogado. E muito mais quando a gente trata de um momento em que o cidadão está exercendo o direito de autodefesa."

Assista à entrevista:

"Cale a boca a senhora!"

O processo em julgamento era o "caso Tamarineira" (0024999-73.2017.8.17.0001), relacionado a um acidente de trânsito ocorrido em 2017, que vitimou três pessoas e provocou ferimentos graves em mais duas vítimas, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. O motorista estaria embriagado.

No Júri, os ânimos teriam se exaltado quando, durante o depoimento do réu, a promotora teria reagido à fala com um gesto, supostamente insinuando que ele estaria fingindo o choro. A juíza adverte os dois lados, e o bate-boca se inicia. "Doutora Eliane, não... Por gentileza, é absolutamente... Calma, calma, calma... " diz a juíza, tentando controlar a situação. A promotora continua se manifestando. A magistrada pede silêncio, mas a discussão continua:

Juíza: Silêncio. Doutora promotora de Justiça!

Promotora: Não precisa gritar não, doutora... calma!

Juíza: Estou precisando, porque a senhora não está obedecendo a presidência.

Promotora: Se contenha também. 

Juíza: Doutora promotora de Justiça! 

Promotora: Se contenha.

Juíza: Continência a senhora não me determina! Cale a boca a senhora! Sente-se! 

Assista à cena:

Em seguida, a juíza determina silêncio na sessão para dar continuidade ao julgamento.

"Contenham-se. Gestuais, palavras que cheguem à nossa vista, à vista de todos, palavras que chegam às nossas audições não são convenientes nessse momento. É preciso guardar o respeito neste plenário, especialmente, doutora promotora, à presidência desta sessão. Ok? Por gentileza, vamos dar continuidade à sessão de forma silente e inexpressiva."

A promotora ainda questiona: "estão mandando a gente se calar?" Ao que a juíza responde:

"Eu estou mandando, eu estou determinando que a senhora se cale, e estou determinando que a senhora obedeça as ordens da presidência. Dr. Marcelo, eu estou determinando também que V. Exa. permaneça silente."

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