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Racismo

TRT-15 mantém justa causa e reforça que racismo não é "brincadeira"

Decisão aplica protocolo do CNJ e afasta alegações de ausência de intenção ofensiva.

Da Redação

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Atualizado às 13:20

A 11ª câmara do TRT da 15ª região confirmou a demissão por justa causa de funcionária acusada de praticar discriminação racial contra uma colega negra. A decisão foi baseada no protocolo do CNJ para julgamento com perspectiva racial, e reconheceu a gravidade das condutas reiteradas. 

O colegiado ainda destacou que a intenção da ofensa é irrelevante para a configuração do ato discriminatório, e que este deve ser analisado a partir da perspectiva da vítima.

Reiteradas práticas discriminatórias

Segundo os autos, que tramitam sob segredo de justiça, a trabalhadora dispensada dirigia à colega negra constantes "brincadeiras" e apelidos de cunho racista. A empresa optou pela demissão por justa causa, fundamentando-se na gravidade da conduta e na quebra de fidúcia necessária à manutenção do contrato de trabalho.

A trabalhadora recorreu da decisão, alegando ausência de intenção ofensiva, mas o colegiado rejeitou os argumentos.

 (Imagem: Freepik)

TRT-15 mantém justa causa e reforça que racismo não deve ser relativizado(Imagem: Freepik)

Perspectiva da vítima

Para o relator, desembargador João Batista Martins César, a conduta da funcionária "não pode ser relativizada como 'brincadeira', 'irreverência comunicativa', pois o racismo deve ser avaliado pelo impacto objetivo causado na vítima, valorizada sua perspectiva na caracterização da discriminação racial".

Nesse sentido, frisou que "a irrelevância da intenção discriminatória constitui importante diretriz interpretativa, segundo a qual alegações de ausência de propósito ofensivo não descaracterizam o racismo, visto que práticas, aparentemente neutras, podem perpetuar estruturas históricas de opressão racial".

O desembargador ainda destacou que a valorização da perspectiva da vítima é elemento central na caracterização da discriminação racial, "é ela quem efetivamente experimenta os efeitos da conduta discriminatória e pode dimensionar sua gravidade no contexto de vivências historicamente subalternizadas".

Assim, concluiu que mesmo fatores como o histórico profissional positivo da empregada, a ausência de sanções anteriores, a suposta ausência de hierarquia entre as colegas e a proximidade no ambiente de trabalho não afastam o caráter discriminatório da conduta.

Para o colegiado, tais circunstâncias não são suficientes para preservar a confiança recíproca essencial à relação de emprego, autorizando a rescisão contratual imediata por justa causa, nos termos do art. 482, alínea "j", da CLT.

Informações: TRT da 15 região.

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