Ao STF, brigadeiro diz que Bolsonaro foi alertado sobre possível prisão

Em depoimento ao STF no último dia 21, o brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, relatou que o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, alertou o ex-presidente Jair Bolsonaro que teria de prendê-lo caso uma ideia golpista fosse levada adiante.

O vídeo do depoimento de Baptista Júnior se tornou público por decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator, na 1ª turma do STF, do processo sobre tentativa de golpe de Estado.

Assista:

No vídeo, o ministro Luiz Fux questiona o brigadeiro sobre eventual ordem de prisão do General Freire em relação ao presidente Bolsonaro, "quando ele afirmou que daria ensejo àquela caminhada para o golpe de Estado".

O depoente disse que em momento algum o presidente Jair Bolsonaro afirmou que estava objetivando um golpe de Estado. "Mas, durante as discussões, a partir do dia 11, do dia 14, nós começamos a imaginar que os objetivos políticos de uma medida de exceção não eram para garantir a paz social até o dia 1º de janeiro. E foi dentro desse contexto que o general Freire Gomes colocou - ou seja, não foi em resposta a uma colocação de que o presidente daria um golpe, mas foi no âmbito dessa discussão de possíveis estados de exceção sem os pressupostos necessários para que sejam feitos."

"Medidas de exceção"

O alerta de Freire Gomes a Bolsonaro foi feito, segundo o ex-comandante da FAB, em uma reunião de teor golpista no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições de 2022.

Nesse encontro, o ex-presidente e os comandantes das Forças Armadas teriam debatido sobre "hipóteses de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição".

Foi durante essa reunião no Palácio da Alvorada que Baptista Júnior presenciou o general Freire Gomes, então comandante do Exército, ameaçar Bolsonaro de prisão caso a ideia golpista fosse levada adiante.

Oitivas

Desde o dia 19 de maio até esta segunda-feira, 2, o STF ouviu 52 testemunhas indicadas no Núcleo 1 da AP 2.668, aberta contra os acusados de planejar uma tentativa de golpe de Estado. Destes, cinco eram de acusação, e 47 de defesa. Dois depoimentos foram feitos por escrito.

Os depoimentos fazem parte da fase de instrução da ação penal, que tem como réus pessoas consideradas pela PGR o "núcleo crucial" da suposta organização criminosa, apontada como responsável pela tentativa de golpe de Estado. Entre os réus está o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao final da oitiva, o relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, marcou datas para o interrogatório dos réus. Será a partir da próxima segunda-feira, 9 de junho, das 14h às 20h, de forma presencial, na sala de sessões da 1ª turma do STF. 

• Processo: AP 2.668