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Entrevista Onírica com Machado de Assis - Migalhas 25 anos

Em diálogo imaginário pelas bodas de prata deste nosso Migalhas, Machado de Assis comenta, com humor e ironia, o tempo, os leitores e os erros tipográficos da imprensa.

Da Redação

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Atualizado às 08:42

Num encontro imaginário celebrado nas brumas de um sonho literário, o informativo jurídico Migalhas entrevista ninguém menos que Machado de Assis.

Neste diálogo improvável, promovido em comemoração aos 25 anos de nosso vibrante matutino, o grande escritor brasileiro ressurge do passado para comentar, com sua ironia fina e perspicácia incomparável, temas que vão do ofício do jornalismo às pequenas peripécias do cotidiano jurídico.

Entre taças de um etéreo Chianti e páginas amareladas pelo tempo, Machado nos brinda com respostas de sua obra, "migalhas" de sabedoria.

A seguir, compartilhamos trechos desse colóquio impossível, porém deliciosamente verossímil, entre o cronista imortal e o Migalhas em suas bodas de prata.

 (Imagem: Artes Migalhas)

Migalhas faz entrevista onírica com Machado de Assis.(Imagem: Artes Migalhas)

Confira: 

Migalhas: Depois de 25 anos de circulação, o que podemos dizer aos nossos leitores?

Machado de Assis: Falam sempre ao coração as letras dos amigos.

Migalhas: A propósito, qual o melhor horário para ler o Migalhas?

Machado de Assis: Notícias da manhã, lidas à noite, produzem sempre o efeito de modas velhas.

Migalhas: Mas antes do café?

Machado de Assis: Nem só de café vive o homem.

Migalhas: Falando em leitores, os nossos são exigentes, vivem procurando detalhes nas entrelinhas.

Machado de Assis: O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava, ou parecia estar escondida.

Migalhas: Às vezes escapa um errinho de digitação nas páginas do Migalhas, para desespero dos tipógrafos. Isso nos desabona?

Machado de Assis: Antes um erro de ortografia que de doutrina.

Migalhas: Mas nós sempre tentamos corrigir...

Machado de Assis: A primeira glória é a reparação dos erros.

Migalhas: Diga isso a nosso amado Diretor, que não perdoa uma vírgula fora do lugar.

Machado de Assis: O melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Migalhas: Não fale de corda em casa de enforcado, nem de chicote em Migalhas.

Machado de Assis: A consciência é o mais cru dos chicotes.

Migalhas: Para esta edição comemorativa, nosso diretor preparou um início modesto, cheio de humildade. O que dirá a crítica?

Machado de Assis: A crítica desconfia sempre da modéstia dos prólogos, e tem razão. Geralmente são arrebiques de dama elegante, que se vê ou se crê bonita, e quer assim realçar as graças naturais.

Migalhas: Em jubileus como este, acabamos contemplando o passado com certo saudosismo. É válido?

Machado de Assis: O passado é ainda a melhor parte do presente.

Migalhas: E quanto ao futuro do Migalhas?

Machado de Assis: O futuro repousa nos joelhos dos deuses.

Migalhas: Ok, mas como imagina o futuro?

Machado de Assis: O incerto é o sal do espírito.

Migalhas: Às vezes, você sabe, o Migalhas atravessa semanas magras, sem grandes fatos jurídicos. Que fazer?

Machado de Assis: O único meio que resta ao cronista de novidades, quando se acha em frente de uma semana estéril, é dizer francamente a verdade a seus leitores.

Migalhas: Há notícias que, por prudência, não podemos publicar logo.

Machado de Assis: Há coisas que se não fazem, outras que se não dizem.

Migalhas: Mas é preciso ter cautela, não?

Machado de Assis: Sem pecadores não há inferno, nem purgatório, e sem estes dois lugares o céu valeria menos.

Migalhas: Os leitores, entretanto, pedem notícias cabulosas.

Machado de Assis: Digam o que quiserem; o homem gosta dos grandes crimes.

Migalhas: Você acha que o jornalismo cresce no remanso ou na crise?

Machado de Assis: Em tempo de crise é sempre bom mostrar que se anda bem-informado.

Migalhas: Devemos, então, não esmorecer?

Machado de Assis: Não é em terra que se fazem os marinheiros, mas no oceano, encarando a tempestade.

Migalhas: E o que dizer aos haters?

Machado de Assis: Os adjetivos passam, e os substantivos ficam.

Migalhas: Obrigado por nos atender.

Machado de Assis: São migalhas da história, mas as migalhas devem ser recolhidas.

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Ps.: Todas as respostas machadianas são frases, ipsis litteris, do bruxo do Cosme Velho, que podem ser consultadas nas Migalhas de Machado de Assis, vol. I e II.

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