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Homem é condenado a 95 anos de prisão por invadir Fórum de Bangu em 2013

Alexandre Bandeira de Melo, conhecido como "Piolho", foi condenado pela tentativa de invasão que resultou em homicídios e feridos.

7/7/2025

O Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri do Rio de Janeiro/RJ condenou Alexandre Bandeira de Melo, o "Piolho", a 95 anos e seis meses de reclusão, no regime inicial fechado, por crimes de homicídio e tentativa de homicídio relacionados à violenta invasão ao Fórum de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, ocorrida em 2013. A sentença foi proferida pelo juiz de Direito Guilherme Schilling Pollo Duarte.

Segundo a acusação apresentada pelo MP, a invasão foi organizada em 31/8/13 visando resgatar dois detentos - entre eles, o próprio Alexandre Bandeira de Melo - que compareciam ao fórum para uma audiência.

Entretanto, investigações revelaram que o plano envolvia mais do que um simples resgate: os criminosos pretendiam também executar o juiz de Direito Alexandre Abrahão, conhecido por postura rigorosa no enfrentamento ao tráfico de drogas.

Conhecido como "piolho", Alexandre Bandeira de Melo, foi condenado pela invasão ao Fórum do Bangu, em 2013.(Imagem: Reprodução/TV Globo)

O ataque

A ação criminosa foi realizada por ao menos quatro homens armados com fuzis, que invadiram o prédio enquanto outros comparsas davam suporte do lado de fora.

A troca de tiros dentro e fora do Fórum deixou quatro feridos e dois mortos: um policial militar que trabalhava na segurança do local e o menino Kayo da Silva Costa, de 8 anos, que estava na calçada com a avó.

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Relatório da Polícia Civil identificou Jean Carlos Nascimento dos Santos ("Menor"), Gerland Barbosa dos Santos Mosa ("Gege") e Leandro Nunes Botelho ("Scooby") como responsáveis diretos pela ação, com apoio de Genílson Madson Dias Pereira e outros integrantes da quadrilha. Todos foram denunciados por homicídios qualificados e tentativa de homicídio.

O plano de resgate foi articulado a partir do Morro do Dezoito, reduto da quadrilha na zona norte carioca.

Segundo as investigações, a movimentação dos presos havia sido articulada por uma advogada, que os arrolou como testemunhas de defesa, levantando suspeitas sobre a real finalidade da audiência.

À época do ocorrido, o atentado repercutiu nacionalmente e gerou reações de diversas entidades.

O então presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, defendeu o uso de videoconferência como alternativa ao deslocamento de presos.

Já a Anamages - Associação Nacional dos Magistrados Estaduais defendeu mudanças legislativas e maior rigor no cumprimento das penas.

No dia seguinte ao ataque, o TJ/RJ determinou o fechamento do Fórum de Bangu para perícia e aprovou novas regras para restringir o acesso de réus presos a fóruns, com objetivo de reforçar a segurança.

Condenação 

Durante o julgamento, o réu Alexandre Bandeira de Melo participou por videoconferência, uma vez que se encontra preso no Presídio Federal de Catanduvas.

O MP defendeu a condenação por dois homicídios consumados (da criança e do policial) e duas tentativas de homicídio.

Já a defesa buscou a desclassificação dos crimes para condutas de menor gravidade ou a absolvição por clemência.

Após os debates, os jurados acolheram a tese acusatória e condenaram Alexandre Bandeira de Melo por homicídios duplamente qualificados - com uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas e por perigo comum - além da tentativa de homicídio.

O réu foi condenado também por participação em organização criminosa armada.

Veja a sentença.

Veja a versão completa

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