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Auxílio-doença: Novos procedimentos periciais e critérios para cessação

Descubra as mudanças no auxílio por incapacidade temporária: perícia do INSS, alta programada e novos critérios de cessação.

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Atualizado às 10:34

O auxílio por incapacidade temporária, antigo auxílio-doença, é um dos benefícios mais solicitados ao INSS.

Destina-se ao trabalhador que, por motivo de doença ou acidente, fica incapaz de exercer sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.

Nos últimos anos, especialmente a partir de 2023, o benefício passou por diversas mudanças nos procedimentos periciais e nos critérios para cessação. Isso trouxe dúvidas para segurados e profissionais do Direito Previdenciário.

Este artigo detalha essas mudanças, explica como funcionam os novos procedimentos e mostra o que o trabalhador deve fazer para não ter seu benefício encerrado injustamente.

1. O que é o auxílio por incapacidade temporária?

O benefício é garantido pelo art. 59 da lei 8.213/91 e tem como objetivo substituir a renda do trabalhador que não pode exercer sua atividade por motivo de saúde.

Características principais:

  • Concedido a trabalhadores segurados do INSS;
  • Exige incapacidade temporária atestada em perícia;
  • Pode ser decorrente de doença ou acidente, incluindo acidente de trabalho;
  • Tem caráter provisório.

2. Principais mudanças recentes

Nos últimos anos, o INSS alterou procedimentos relacionados a:

  • Agendamento de perícia: maior uso do sistema digital Meu INSS;
  • Benefício por análise documental (auxílio sem perícia presencial em casos específicos);
  • Prazos automáticos de cessação definidos pela perícia;
  • Retorno ao trabalho: segurado deve estar apto ou pedir prorrogação.

Essas mudanças trouxeram tanto facilidades quanto desafios para os segurados.

3. Como funciona a perícia médica

A perícia é o ponto central da concessão.

Tipos de perícia:

  • Presencial: tradicional, realizada nas agências da Previdência;
  • Teleperícia (ainda em fase de ampliação): usada em alguns casos de menor complexidade;
  • Perícia documental: em que o INSS analisa laudos médicos e exames sem convocar o segurado.

O perito avalia:

  • Diagnóstico e CID da doença;
  • Limitação funcional do segurado;
  • Capacidade para atividades habituais;
  • Prazo estimado de recuperação.

4. Critérios de cessação do benefício

Uma das grandes novidades é a forma como o benefício é encerrado.

Antes, o auxílio permanecia ativo até nova perícia, hoje, há novas regras:

  1. Alta programada: o perito define prazo para cessação já na concessão;
  2. Fim automático: caso o segurado não peça prorrogação, o benefício cessa na data prevista;
  3. Nova perícia obrigatória: se o segurado ainda estiver incapacitado, deve requerer prorrogação antes do fim.

5. Dificuldades enfrentadas pelos segurados

Essas mudanças aumentaram as queixas de segurados:

  • Dificuldade de acesso ao aplicativo Meu INSS;
  • Indeferimentos por análise documental insuficiente;
  • Altas precoces, mesmo sem recuperação plena;
  • Exigência de novos documentos médicos.

6. Exemplos Práticos

  • Caso 1: Maria, empregada doméstica, teve benefício cessado em 60 dias por alta programada. Ainda doente, pediu prorrogação, mas teve que esperar nova perícia;
  • Caso 2: João, motorista, teve benefício negado porque enviou exames antigos. Na Justiça, conseguiu concessão retroativa com base em laudo atualizado.

7. O que fazer em caso de cessação indevida

O segurado deve:

  • Verificar no Meu INSS a razão da cessação;
  • Solicitar prorrogação dentro do prazo;
  • Reunir laudos atualizados;
  • Caso negado, ingressar com recurso administrativo;
  • Se ainda assim houver negativa, ajuizar ação judicial com pedido de tutela de urgência.

8. Direitos do segurado

O segurado tem garantias:

  • Direito ao contraditório e ampla defesa;
  • Receber retroativos se o benefício for restabelecido;
  • Converter em auxílio-acidente em alguns casos;
  • Aposentadoria por incapacidade permanente se comprovada a incapacidade total.

9. Novas tendências e impactos

Especialistas apontam que o INSS tem adotado postura mais restritiva, o objetivo é reduzir custos, mas isso gera judicialização.

A tendência é que aumentem as discussões sobre:

  • Validade de perícias documentais;
  • Exigência de laudos mais recentes;
  • Alta precoce e seu impacto na saúde do trabalhador.

10. A importância de um advogado especialista

Diante das mudanças, contar com apoio jurídico é essencial:

  • Orientação na juntada de documentos corretos;
  • Recursos administrativos bem fundamentados;
  • Ações judiciais para reverter indeferimentos;
  • Defesa em casos de alta indevida.

Conclusão

O auxílio por incapacidade temporária passou a depender de novos procedimentos periciais e de critérios mais objetivos de cessação.

Se por um lado isso trouxe mais agilidade ao sistema, por outro, aumentou as dificuldades para os segurados, que muitas vezes têm o benefício cessado sem estarem aptos para retornar ao trabalho.

A boa notícia é que há caminhos administrativos e judiciais para contestar essas decisões.

Hermann Richard Beinroth

VIP Hermann Richard Beinroth

Mestrando em Direito Público pela Fumec, Pós Graduado em Pratica Previdenciária, Professor de Cursos e Pós Graduações, Ex Vice-Presidente Comissão de Direito Previdenciario da OAB/MG, Membro IBDP.

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