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Cuidado ao alugar imóveis de temporada: Como evitar golpes comuns

Antes de fechar aquele aluguel de verão, conheça os sinais de fraude e saiba como se proteger.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Atualizado às 13:32

Viajar no fim de ano é o plano de muitos brasileiros. Para quem sonha com dias de descanso à beira-mar ou no campo, alugar um imóvel de temporada parece a solução ideal. Mas infelizmente, esse sonho pode se transformar em um prejuízo considerável se alguns cuidados básicos não forem tomados.

Como advogado e investidor atuando há anos no setor imobiliário, já vi casos comuns e repetidos de pessoas que caem em golpes ao tentar alugar imóveis por plataformas digitais ou redes sociais. Neste artigo, compartilho orientações práticas com base na minha experiência e nas melhores práticas recomendadas por especialistas e plataformas confiáveis do setor. Meu objetivo é que você alugue com segurança e aproveite sua viagem sem dores de cabeça.

Os golpes mais comuns no aluguel por temporada

Entre os casos que acompanhei, alguns golpes se repetem com frequência e seguem padrões bem conhecidos por quem atua na área.

O mais comum é o do anúncio falso. O golpista copia fotos reais de imóveis legítimos, publica em redes sociais ou sites de classificados e, depois de receber o pagamento, simplesmente desaparece.

Outro tipo recorrente é o do intermediário fraudulento. Uma pessoa se apresenta como representante do proprietário, oferece preços abaixo do mercado e pressiona o interessado a fazer a reserva imediatamente. Após o pagamento, o contato é perdido.

Também existem os sites e perfis bem produzidos, que passam confiança em um primeiro momento. Nesses casos, o golpista utiliza imagens genéricas, cria depoimentos falsos e simula um atendimento profissional. Já vi situações em que o locatário só descobriu que foi enganado ao chegar no local e ser informado pelo verdadeiro dono de que o imóvel nunca esteve disponível para locação.

Como identificar um anúncio de risco

Ao longo dos anos, aprendi a reconhecer sinais que quase sempre indicam um golpe. Se você observar um ou mais dos fatores abaixo, redobre a atenção.

Preço muito abaixo da média. Se o imóvel parece perfeito e está pela metade do valor praticado na região, desconfie.

Pressa para o pagamento. Insistência para que o valor seja enviado por Pix, especialmente para contas de pessoas físicas, é sinal de alerta.

Falta de documentação. O anunciante evita enviar matrícula, contrato, comprovantes ou dados básicos do imóvel.

Poucas informações claras. Fotos repetidas, descrições vagas e ausência de avaliações podem indicar risco.

Evasão de contato por vídeo ou chamada. O golpista evita qualquer forma de verificação da existência do imóvel.

Perfis sem histórico. Em redes sociais ou plataformas, perfis recém-criados ou sem avaliações anteriores devem ser vistos com desconfiança.

Meus conselhos para evitar ser vítima de fraude

A prevenção é sempre o melhor caminho. Estas são medidas que recomendo e sigo nas minhas próprias reservas de temporada.

Peça uma videochamada no local. Solicite que o anunciante mostre a fachada, os cômodos e a rua em tempo real. Um golpista dificilmente conseguirá cumprir essa exigência.

Solicite documentos básicos. Peça a matrícula atualizada do imóvel, contrato de administração caso haja imobiliária, e comprovante de identidade do locador. Essa documentação básica é um direito do consumidor.

Pesquise o endereço no Google Maps. Compare as imagens da rua e da fachada com as fotos do anúncio. Diferenças chamativas são um sinal de alerta.

Dê preferência a plataformas consolidadas. Sites como Airbnb e Booking.com oferecem avaliações, suporte e ferramentas de segurança. Evite negociações feitas apenas por redes sociais ou aplicativos de mensagens.

Nunca pague tudo antecipadamente. Pagar um sinal é comum, mas jamais deposite o valor integral sem contrato assinado e sem verificar a legitimidade do anunciante.

Formalize o contrato por escrito. Mesmo para locações curtas, exija um contrato contendo os dados completos do proprietário, valor, forma de pagamento, prazo da estadia e regras básicas.

O que dizem as plataformas

Plataformas reconhecidas no mercado também adotam medidas para garantir a segurança dos usuários.

O Airbnb, por exemplo, oferece verificação de identidade de anfitriões e hóspedes, suporte 24 horas em vários idiomas, e mecanismos como AirCover, que protegem tanto anfitriões quanto viajantes contra fraudes e danos.

Já a Booking.com afirma que realiza verificações regulares nas propriedades listadas e destaca a importância das avaliações de usuários. Hoje, a plataforma conta com mais de 370 milhões de avaliações verificadas, o que representa uma camada extra de proteção para quem reserva.

Ambas as plataformas recomendam que todas as interações e pagamentos sejam feitos exclusivamente por meio de seus canais oficiais. Reservas feitas por fora dos sites ou aplicativos fogem da proteção oferecida e aumentam o risco de golpe.

E se você for vítima de um golpe

Mesmo com todos os cuidados, infelizmente ainda é possível ser enganado. Se isso acontecer, é fundamental agir com rapidez.

Comunique seu banco imediatamente. O Banco Central disponibiliza mecanismos para rastrear transações e, em alguns casos, bloquear ou reverter valores.

Reúna provas. Guarde todas as conversas, prints do anúncio, comprovantes de pagamento, dados bancários do golpista e qualquer outro elemento que possa ajudar na investigação.

Registre um boletim de ocorrência. A comunicação com a polícia é essencial para dar início às investigações e também pode ser exigida pelo banco ou pela Justiça.

Consulte um advogado. É possível entrar com uma ação indenizatória para buscar a recuperação dos valores perdidos. Quanto mais informações estiverem disponíveis, maior a chance de sucesso.

Quem aplica esse tipo de golpe pode ser responsabilizado criminalmente por estelionato e também responder por infrações ao Código de Defesa do Consumidor, especialmente quando há publicidade enganosa. As penas podem incluir multa e até prisão, a depender do caso.

Conclusão

Planejar a viagem ideal envolve mais do que escolher um bom destino. É essencial garantir que o imóvel reservado realmente exista e que quem o anuncia tenha legitimidade para alugá-lo.

Com atenção aos sinais de alerta e seguindo as recomendações práticas que compartilhei neste artigo, você reduz consideravelmente o risco de cair em golpes e aumenta as chances de ter uma estadia tranquila e segura.

Compartilhe este conteúdo com quem você sabe que está organizando uma viagem. A prevenção pode salvar não apenas as férias, mas também o bolso.

Werner Damásio

VIP Werner Damásio

Advogado pós-graduado em Direito Privado, especialista em Direito Civil, Empresarial e Imobiliário. Sócio do Lettieri Damásio Advogados, com 17 anos de atuação nacional.

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