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José de Alencar - intersecções entre o Direito e a literatura nacional - I

Da Redação

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Atualizado em 27 de julho de 2010 16:05


Intersecções entre o Direito e a literatura nacional

I - Bastidores*

" - Passarei à posteridade ?"

Pouco antes de sua morte, em conversa com o amigo Visconde de Taunay, o homem que já havia experimentado o sucesso das letras e o reconhecimento do público e da crítica perguntava, com uma ponta de dúvida, se teria escrito nos livros um nome célebre.

E sobre ele que Migalhas dá início, hoje, a uma série especial : a vida e a obra do maior romancista que já pisou o solo brasileiro. Pisou, desvendou, revelou. Ninguém como ele cantou em prosa os temas da nossa identidade nacional : a natureza, o índio, a língua brasileira. Histórias que mostram os símbolos e as tradições de um povo. Passagens que revelam os usos e costumes de uma época. Migalhas não reverencia outro senão José de Alencar !

Nosso autor festejado nasceu em uma casa rústica, uma habitação verdadeiramente modesta, baixa, quadrangular e cercada de mangueiras e coqueiros. E nada há na biografia do autor que demonstre perturbação no ritmo tranquilo de sua infância. Nenhuma traquinagem, nenhuma queda ou susto.

Antes, contam os livros a história de um Alencar destinado, sossegadamente, desde menino, às letras:

Uma hora depois do jantar, à falta de visitas de cerimônia, sentavam-se ao redor de uma larga e redonda mesa de jacarandá : d. Anna Josephina de Alencar e sua irmã d. Florinda, que se ocupavam de pequenos trabalhos de agulha. Vinham as amigas ociosas para ajudá-las. Estabelecida a conversa, passava-se logo à leitura. Era o momento do recitativo. E lembrado que fosse, era inevitável o chamado :

- José !

Requisitado para os serões da rua do Conde, Alencar não decepcionava. Não raras vezes conduzia toda a família às lágrimas com a leitura dos romances que ornavam a biblioteca da casa. O manuseio constante de autores e livros, horas a fio, criou no espírito do adolescente a afeição necessária para conduzi-lo, definitivamente, ao mundo das letras.

Mas se a construção de um grande nome na literatura não se faz apenas pelo gosto, mas também pelo talento intelectual, capaz de formulações caprichosas, Alencar conta, sem cerimônia, seu segredo : "o dom de produzir a faculdade criadora, se a tenho, foi a charada que a desenvolveu em mim".

Graças a esse estímulo do raciocínio escreveu Alencar sua primeira novela, cujo traço ele creditou ser "um dos melhores e mais felizes de quantos sugeriu a imaginação". As tiras eram escritas arbitrariamente, de acordo com a disposição do espírito. Ora criava um capítulo do fim, ora um episódio do meio. Até que, depois de vários meses, estava a obra concluída.

Terminado o romance, guardou-o numa cômoda. Talvez porque roubasse o espaço das roupas, a arrumadeira decidiu transferir os manuscritos para a estante, sem que Alencar tivesse conhecimento.

O jovem já era formado em Direito e passava quase todo o dia na banca de advocacia na qual estagiava. Quando voltava para a casa, estava ainda tão absorto nos assuntos jurídicos que pouco entusiasmo sobrava para rever o romance.

Assim passou o tempo até que um "desalmado hóspede", como definiu Alencar, sem identificar o conteúdo das tiras depositadas na estante, começou a aproveitá-las todas as noites, arrancando folha por folha, para a cada dia acendê-las na vela e passá-las ao cachimbo. Quando Alencar percebeu a tragédia, tinham escapado apenas uns poucos capítulos da obra.

O tino de Alencar para as letras, felizmente, não virou cinzas. Muitas obras vieram e o fizeram despontar no cenário nacional : Cinco Minutos, A Viuvinha, O Guarani, Lucíola, Diva, Iracema e muitos outros romances.

A veia literária, entretanto, não foi a única a sobressaltar. José de Alencar teve brilhante carreira como advogado, jornalista e político.

No escritório de advocacia do dr. Caetano Alberto começou a ter contato com os problemas sociais, e a se interessar por eles. De modo que em 1856 foi conduzido como redator chefe do Diário do Rio de Janeiro. E o jornalismo, por sua vez, terminou por levá-lo à política, fazendo-o deputado em 1860.

O entusiasmo dos primeiros anos na vida pública foi sendo substituído, pouco a pouco, pelo cansaço. Os desgostos, conduzidos pelos mares bravios da terra natal, terminaram por infligir em Alencar a tuberculose, que lhe ceifou a vida em 1877, aos 48 anos.

Em sua breve existência, e mais breve ainda período de criação artística, nosso autor foi capaz de conservar um nome para a História. "Passou à posteridade", como receoso desejava, e as gerações brindam hoje em Migalhas a série que a partir de hoje apresentaremos :

"José de Alencar - intersecções entre o Direito e a literatura nacional"

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* Matéria baseada na obra "O Espelho das grandes vidas - a vida de José de Alencar", de Oswaldo Orico.

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Depois das coletâneas de frases e pensamentos de Machado de Assis, Euclides da Cunha e Eça de Queirós, temos o prazer de apresentar as "Migalhas de José de Alencar".

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