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Análise

Pedidos de recuperação aumentam 105%; juiz Daniel Carnio analisa

Jurista explica o porquê desse aumento, como tem sido a atuação do Judiciário e o que podemos esperar no futuro do segmento.

Da Redação

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Atualizado às 15:07

2023 tem sido um ano de desafios para o mercado empresarial. Segundo dados do Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial cresceram 105,2% em maio de 2023, comparado ao mesmo mês do ano passado. Ainda no mesmo mês, 119 empresas entraram com o requerimento.

A demanda por falência dos negócios também cresceu em 61,3% com um total de 121 pedidos em maio de 2023.

De janeiro a maio de 2022, ocorreram 333 pedidos de recuperação judicial. Já no mesmo período no ano de 2023 foram 501 requerimentos, representando um aumento de 50,4%.

Falando em falências, também houve 333 pedidos entre janeiro e maio do ano passado. Neste ano, foram 467, aumentando 40,2%.

 (Imagem: Arte Migalhas)

Comparação de 2022 com 2023.(Imagem: Arte Migalhas)

Acerca do assunto, Migalhas conversou com o juiz titular da 1ª vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, Daniel CarnioNa avaliação do magistrado, o aumento no número dos pedidos de recuperação judicial é uma consequência natural das políticas públicas adotadas pelo governo brasileiro durante a pandemia da covid-19 para auxiliar os empresários a se mantarem na ativa.

"As empresas tiveram perda de faturamento, mas elas tinham que continuar pagando suas contas. [...] Isso gerou nas empresas uma crise de inadimplência. Se nada fosse feito, haveria uma quebradeira geral na economia. Então, o que o governo fez? Ele atuou para equilibrar os relógios econômico e financeiro das empresas, entre faturamento e pagamento de obrigações."

Dentre as medidas adotadas pelo governo, Carno destaca a implementação do auxílio emergencial, a ampliação do acesso ao crédito e o diferimento de pagamentos de obrigações, como tributos e dívidas renegociadas. "Houve, portanto, uma injeção de liquidez no mercado."

Com o fim da pandemia, o cenário de estabilidade no mercado brasileiro mudou, diz Daniel. O especialista explica que as medidas urgentes adotadas durante a pandemia foram suspensas, ao passo em que as empresas agora passaram a lidar com as dívidas adotadas durante a crise de saúde.

"Terminado o período pandêmico, as coisas começaram a se complicar, porque os juros subiram muito para combater a inflação [...] e as empresas agora têm que pagar dívidas com juros altos. E a economia não voltou na velocidade e na intensidade que precisava voltar. E aí, as empresas passaram a enfrentar dificuldade nesse pós-pandemia. Não há mais diferimento de pagamento de tributos, não há mais aquela boa vontade dos credores em renegociar as dívidas, como os bancos. E é por isso que estamos vendo, nesse momento, um aumento muito grande do ajuizamento de recuperações judicias e de falência também."

 

Com a Justiça atua?

Carno explica que, anteriormente a pandemia da covid-19, o Judiciário já vinha se estruturando para responder adequadamente ao grande volume de pedidos de recuperações e falências judiciais.

Dentre as medidas adotadas, o juiz destaca os atos normativos, recomendações e resoluções editadas pelo CNJ, através do Fonaref - Fórum Nacional de Recuperação Empresarial e Falências.

"Por exemplo, em 2019, o CNJ pediu para que os tribunais começassem a criar varas de falência e recuperação especializadas com competência regional para que todo Estado fosse coberto por jurisdição especializada."

Além da reestruturação, o juiz destaca os mecanismos de pré-insolvência imputados pela nova lei de falências e recuperação judicial, de 2020, como por exemplo, a mediação e a conciliação antecedente. Segundo o especialista, as empresas são beneficiadas com esses mecanismos, uma vez que são mais leves, baratos e simples do que o ajuizamento de uma recuperação judicial.

Carnio explica que esses mecanismos extrajudiciais atuam de modo discreto sem que haja ampla divulgação na imprensa. Para ele, a ideia é justamente evitar a exposição negativa da empresa no mercado mediante ação na Justiça.  

Analisando os próximos passos do segmento, o juiz acredita que com a uniformização da intepretação e aplicação do Direito Federal pelo STJ em relação a falências e recuperações judiciais, a atividade econômica do país será positivamente impactada.

"Estamos caminhando na direção correta e em breve nós conseguiremos, com a aprovação de um novo texto de lei [...] e com a intepretação segura e claras dessas ferramentas criadas pela lei, um ambiente propicio para crescimento." 

Experiência

Ainda na entrevista, Daniel Carnio, que participou da redação da nova lei de falências, destacou a importância que o projeto teve em sua vida profissional. 

"Foi uma experiência incrível. Foi fundamental. [...] Eu fico muito feliz e satisfeito de poder ter contribuído, de ter dado essa contribuição e deixar um legado." 

TORRES & SILVA SOCIEDADE DE ADVOGADOS LTDA

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CCM Advocacia de Apoio
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Escritório Carvalho Silva & Apoio Jurídico. Fundado na cidade de Marabá pela advogada Regiana de Carvalho Silva, atua com proposito de entregar para cada cliente uma advocacia diferenciada, eficaz e inovadora. Buscamos através do trabalho em equipe construir dia após dia uma relação solida...

Flávia Thaís De Genaro Sociedade Individual de Advocacia

Escritório de advocacia Empresarial, Flávia Thaís De Genaro Sociedade Individual de Advocacia atua nas áreas Civil, Tributária e Trabalhista. Presta consultoria em diversos segmentos da Legislação Brasileira, tais como: Escrita Fiscal, Processo Civil e Alterações do Novo Código de 2002, Falências,...