CNMP julgará procuradores por conluio com juíza que se comparou a Moro
Segundo a acusação, procuradores estariam colaborando com a magistrada em decisões ilegais.
Da Redação
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Atualizado às 15:35
O CNMP - Conselho Nacional do Ministério Público deve julgar, nos próximos dias, um pedido de afastamento de dois procuradores do MPT/RJ, acusados de atuar em conluio com uma juíza do Trabalho.
A magistrada Adriana Tarazona, do TRT da 1ª região, ganhou notoriedade em 2018, quando, em uma decisão judicial, escreveu que se sentia como "um Sergio Moro da vida", em referência ao então juiz da Operação Lava Jato.
Os procuradores Elcimar Rodrigues Reis Bitencourt e Rafael de Azevedo Rezende Salgados foram denunciados por uma empresa de transportes ao CNMP por suposto abuso de autoridade e parcialidade na condução de ações.
Segundo a acusação, eles teriam colaborado com a juíza para proferir decisões ilegais, incluindo no polo passivo de processos empresas sem qualquer relação com os fatos discutidos.
Além disso, a empresa afirma que Elcimar e Rafael atuaram como testemunhas em procedimentos disciplinares instaurados contra a magistrada, o que reforçaria a suspeita de conluio.
Histórico
A juíza Adriana Tarazona foi afastada do cargo por dois anos pelo CNJ, em outubro de 2024, após ser acusada de violar o sigilo fiscal de um empresário sem apresentar fundamentação legal para a decisão.
Outro ponto do processo administrativo envolve a suspeita de usurpação de função pública, pois a magistrada teria autorizado sua enteada a frequentar a vara do Trabalho de Barra Mansa/RJ e utilizar seu login e senha para acessar os sistemas da Justiça do Trabalho, consultar processos e até redigir sentenças.
Além desse PAD - processo administrativo disciplinar, Adriana Tarazona já enfrentou outros dois. Em um deles, foi punida pelo uso de palavras de baixo calão contra uma perita judicial. No outro, foi removida compulsoriamente da vara do Trabalho de Barra Mansa/RJ para a 25ª vara do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ.
Notoriedade
A magistrada ganhou notoriedade em 2018, quando proferiu uma decisão na qual se comparou ao então juiz Sergio Moro que, na época, conduzia os processos da Operação Lava Jato.
"Confesso a todos os que leem esta peça - e a lerão, certamente, em um futuro breve - que me sinto hoje, aqui de frente deste computador, como um Sergio Moro da vida", escreveu.