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Mulheres no Judiciário

Juízas que inspiram: equidade e acolhimento no Judiciário

Magistradas não apenas ocupam cargos estratégicos, mas transformam o Judiciário em um espaço mais acolhedor e representativo para as mulheres.

Da Redação

sábado, 8 de março de 2025

Atualizado às 07:08

No TRT da 18ª região, duas magistradas se destacam por seu compromisso com a equidade de gênero e a defesa dos direitos das mulheres. As desembargadoras Kathia Albuquerque, ouvidora da Mulher, e Rosa Nair Reis, coordenadora do Subcomitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina e de Igualdade de Gênero e diretora da Escola Judicial, não apenas ocupam cargos estratégicos, mas transformam o Judiciário em um espaço mais acolhedor e representativo para as mulheres.

Em matéria especial do Dia da Mulher para o site do  TRT da 18º região, elas compartilharam suas histórias, desafios e expectativas à frente de iniciativas que fazem a diferença.

"Estamos cada vez mais próximas de um ponto de equilíbrio entre homens e mulheres"

Forte e brava, como ela mesma se define, Kathia Albuquerque assume seu lado transparente e sensível às injustiças. Nascida em Curitiba, ela morou e estudou em São Paulo, mas sua cidade do coração é Goiânia, onde escolheu viver e trabalhar. A magistrada é filha de desembargador do Trabalho e de mãe advogada. Embora o seu caminho na magistratura parecesse natural, seu primeiro vestibular foi para Odontologia, mas ela optou por Direito. 

A decisão de seguir a magistratura surgiu ao contemplar um pôr do sol em viagem à Grécia: "Vou ser igual ao papai. Vou ser juíza do trabalho", declarou à irmã Karla Maria. Foi com essa meta que ela passou a estudar até 17 horas por dia, sem descanso aos finais de semana, até assumir o cargo de juíza do trabalho em 1989.

Após mais de três décadas de atuação, sua rotina segue intensa. A desembargadora destaca que cada processo em sua mesa é o mais importante, pois para as partes envolvidas, cada julgamento é único e pode transformar vidas. Em seu gabinete, preza por um ambiente harmonioso, separando questões pessoais da imparcialidade exigida nas decisões. Para ela, a ordem e a paz social dependem da Justiça, e embora reconheça que pode cometer erros, busca sempre proferir a melhor decisão possível.

"A regra no meu gabinete é essa: o ambiente tem que ser bom, todos devem estar felizes. Porque problemas todos nós temos, e eu não posso trazer os meus problemas para um processo que exige análise e imparcialidade."

Sendo a segunda mulher a assumir o cargo de desembargadora desde a criação do TRT/GO, há quase 35 anos, para a magistrada, a mulher vem avançando nos espaços de poder, no entanto, o processo é gradual, pois a desigualdade de gênero ainda é uma realidade e exige políticas que incentivem a equidade. Ela mencionou o novo protocolo do CNJ de julgamento com perspectiva de gênero como um dos avanços. "Só seremos plenamente felizes quando homens e mulheres puderem viver essa equidade, na prática, e estamos caminhando para isso. Tenho muita fé e esperança", afirmou.

Kathia ressaltou a importância da participação feminina na tomada de decisões, pelo fato de as mulheres terem uma visão mais abrangente e empática dentro do Judiciário. "Nós não somos melhores nem piores do que os homens, somos diferentes. E essa diferença enriquece o ambiente de trabalho, a sociedade e a própria Justiça". Para ela, a sociedade está cada vez mais próxima de um ponto de equilíbrio, no qual homens e mulheres possam compartilhar responsabilidades e oportunidades de forma justa

A magistrada também foi eleita vice-presidente do Cojum - Colégio de Ouvidorias Judiciais da Mulher, entidade nacional criada em 2023 para promover a articulação e o fortalecimento das ouvidorias judiciais no enfrentamento à violência contra as mulheres. Relatou que a Ouvidoria também faz a ponte entre denúncias de assédio, violência ou discriminação contra a mulher e os órgãos competentes. "O papel da Ouvidoria da Mulher vai muito além do recebimento de denúncias, o principal propósito é o acolhimento", explicou.

 (Imagem: Reprodução/TRT da 18º região)

Conheça a trajetória das desembargadoras de Goiânia que trabalham pela equidade de gênero e defesa dos direitos das mulheres.(Imagem: Reprodução/TRT da 18º região)

"A conscientização sobre equidade de gênero deve ser constante"

Outra mulher que também é uma inspiração é a desembargadora Rosa Nair Reis.

Rosa Nair percorreu um longo caminho até se tornar desembargadora. No mesmo ano em que tomou posse como juíza substituta, foi promovida à titularidade da vara do Trabalho de Jataí/GO. Nos anos seguintes, passou por diversas cidades do interior, enfrentando desafios como deslocamentos longos por estradas precárias e estruturas de trabalho limitadas. Atuou em varas nos municípios de Ceres, Anápolis e Goiânia, acumulando experiência na condução de processos trabalhistas.

Em 2015, Rosa Nair começou a atuar como juíza convocada no 2ª grau, experiência que ampliou sua visão sobre o funcionamento da Justiça do Trabalho. Em 2018, foi promovida ao cargo de desembargadora do TRT/GO por merecimento.

Rosa Nair integra a 3ª turma de desembargadores e assumiu recentemente a direção da Escola Judicial do TRT/GO para o biênio 2025/2027, comprometida com uma gestão participativa, pautada pela inovação, inclusão e excelência acadêmica.

A magistrada ainda coordena o Subcomitê de Incentivo Institucional à Participação Feminina e de Igualdade de Gênero no TRT/GO. O colegiado tem como objetivo identificar desigualdades na ocupação de cargos de liderança e sugerir medidas para corrigir esse cenário. "O CNJ estabeleceu diretrizes para que os tribunais promovam a equidade de gênero, e nosso papel é garantir que essa política seja implementada de forma efetiva no TRT", explicou.

Apesar das dificuldades que enfrentou ao longo da carreira, ela afirmou, com orgulho e gratidão, que sempre pôde exercer a magistratura com total independência. A desembargadora acredita que a formação continuada é um dos principais instrumentos para ampliar a presença das mulheres nos espaços de decisão.

"A capacitação fortalece competências técnicas e comportamentais essenciais para a liderança."

Rosa Nair apontou três pilares fundamentais da formação para o avanço feminino na carreira jurídica: igualdade de oportunidades, criação de redes de suporte e fortalecimento da autoconfiança. Segundo a magistrada, políticas institucionais que incentivam a qualificação profissional contribuem diretamente para que as mulheres se sintam preparadas para assumir cargos de maior responsabilidade.

Nos últimos anos, o TRT/GO tem avançado na promoção da equidade de gênero. Um exemplo foi recente decisão do Pleno do Tribunal, que estabeleceu a paridade entre homens e mulheres na convocação de magistrados para atuar no 2º grau. Para Rosa Nair, esse tipo de iniciativa é essencial para garantir que as mulheres tenham mais oportunidades de ocupar cargos de liderança.

Para a desembargadora, a implementação de políticas de paridade de gênero, com metas e mecanismos de monitoramento, aliada à capacitação, mentoria e ambientes de trabalho inclusivos, é fundamental para que as mulheres tenham mais oportunidades de ascender dentro do Judiciário. Além disso, ela defende que a conscientização sobre equidade de gênero deve ser constante e envolver toda a instituição.

Mulheres que inspiram

Essas mulheres inspiradoras também se inspiram em outras mulheres.

Kathia Albuquerque contou que as mulheres que a inspiram são as de sua própria família. Sua avó, que teve 17 filhos, ensinou força e resiliência, enquanto sua mãe, com uma personalidade firme e, ao mesmo tempo, extremamente carinhosa, foi sua maior referência. "Minha mãe era brava, brava, brava e eu nunca vi uma pessoa mais carinhosa na vida. Ela encontrou um equilíbrio perfeito entre firmeza e amor", relembrou. 

Para a desembargadora Rosa Nair, sua maior inspiração é sua mãe, Iolanda. Casada aos 18 anos com um homem viúvo, seu pai João Periquito Silva Filho, sua mãe dedicou-se à criação e educação dos nove filhos, conciliando força e generosidade para manter a família sempre unida. "Inteligente, com uma disposição invejável para o trabalho e muita sabedoria na solução de conflitos, minha mãe sempre conseguiu agregar todos ao seu redor", contou. Mesmo aos 84 anos, Iolanda segue ativa, cozinhando, costurando, torrando seu próprio café e até fazendo sabão artesanal, sem aceitar reduzir o ritmo. 

Já no campo profissional, Rosa Nair se inspira na competência e dedicação das suas colegas magistradas e no comprometimento das servidoras do TRT/GO.

"Tenho o privilégio de trabalhar ao lado de mulheres extraordinárias, que somam esforços para fazer deste Tribunal um motivo de orgulho para todos."

Com informações do TRT da 18º região.

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