TJ/SP abre investigação contra juiz que forjou identidade por 45 anos
Magistrado se passou por descendente da nobreza britânica e atuou no cargo por mais de duas décadas.
Da Redação
terça-feira, 8 de abril de 2025
Atualizado às 13:10
O TJ/SP instaurou investigação administrativa contra o juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis, que por 45 anos usou a identidade falsa de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield.
De acordo com o Tribunal, foi aberta uma apuração de natureza disciplinar, cujo procedimento tramita sob sigilo.
A Corregedoria do CNJ foi comunicada no mesmo dia e, por isso, decidiu não atuar no caso neste momento, apenas acompanhar a apuração do TJ/SP.
A investigação foi instaurada após o TJ/SP suspender, na última sexta-feira, 4, o pagamento da aposentadoria do magistrado, que em fevereiro de 2025 era de R$ 166.413,94.
Reis se apresentou por décadas como Edward, afirmando ser descendente da nobreza britânica. Com essa identidade, ingressou na Faculdade de Direito da USP - Universidade de São Paulo nos anos 1980 e, posteriormente, foi aprovado em concurso da magistratura, atuando por 23 anos no TJ/SP.
O caso veio à tona quando ele tentou renovar um documento de identidade no Poupatempo. Funcionários identificaram divergências entre seus registros e a certidão de nascimento, o que levou à abertura de inquérito na Polícia Civil de São Paulo.
Ao ser interrogado, ele alegou que Edward seria seu irmão gêmeo, adotado por uma família inglesa - explicação considerada inverossímil pelas autoridades. Até o momento, Reis não foi localizado para ser formalmente notificado.
A revelação gerou forte repercussão e levantou questionamentos sobre os mecanismos de verificação de identidade dentro do Judiciário. O TJ/SP informou que, além da responsabilização individual, pretende investigar se houve falhas institucionais que permitiram que a farsa se mantivesse por mais de quatro décadas.