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Racismo

Cármen Lúcia relata racismo contra a ministra Vera Lúcia, do TSE

Em dura fala contra o crime de racismo, presidente do TSE se solidarizou com colega, que foi impedida de entrar em evento mesmo após apresentar identificação funcional.

Da Redação

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Atualizado às 10:18

A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, trouxe a público nesta terça-feira, 20, grave episódio de racismo envolvendo a ministra Vera Lúcia Santana Araújo, também integrante da Corte.

Segundo relato da ministra Cármen, Vera Lúcia foi barrada na entrada da sede da AGU, em Brasília, na última sexta-feira, 16, mesmo após se identificar como palestrante do XXV Seminário Ética na Gestão, promovido pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

"Racismo é crime. Etarismo é discriminação. É inconstitucional, imoral e injusto qualquer tipo de destratamento em razão de qualquer critério que não seja o da dignidade da pessoa humana", afirmou Cármen Lúcia no início da sessão plenária do TSE.

A ministra lamentou a ausência de membros da organização ou da própria AGU no local para prestar apoio imediato à colega, que só conseguiu entrar após insistência e demora.

Veja a fala de Cármen Lúcia:

 Apesar de apresentar sua carteira funcional e reforçar sua condição de integrante do TSE, Vera Lúcia foi tratada com descaso e impedida de ingressar no local onde proferiria a palestra. "Ela foi destratada ali", destacou Cármen, lembrando que a colega é vice-diretora da Escola Judiciária Eleitoral e conhecida por seu trabalho sério e eficiente.

"Não há como se compadecer com comportamentos como o que atingiu a ministra Vera Lúcia. Essa presidência e toda a Justiça Eleitoral não aceita práticas criminosas por discriminação, por racismo, por etarismo contra quem quer que seja."

A ministra Vera Lúcia estava na plateia da sessão no momento da fala da ministra, ao lado de Edilene Lôbo, também ministra da Corte.

 (Imagem:  Luiz Roberto/Secom/TSE)

Ministras do TSE Edilene Lobo e Vera Lúcia. (Imagem: Luiz Roberto/Secom/TSE)

"Soco na cara moral, ético, racista"

Em entrevista ao portal Platô.br, Vera Lúciaclassificou a abordagem como um claro ato de racismo, e disse que episódios como esse são "recorrentes".

"Óbvio, manifestamente. O desprezo, o descaso. Óbvio que, infelizmente, não fui discriminada pela primeira vez, é recorrente."

Ela ressaltou que se identificou como ministra do TSE, apresentando uma carteira "grande, vermelha, com letras metálicas", e mesmo assim foi ignorada: "Ninguém quis pegar a carteira, era um desprezo absoluto. Todo mundo sabe que ninguém branco é barrado assim."

Vera ainda apontou o contraste entre sua recepção e a de uma mediadora branca, que chegou no mesmo momento e entrou sem obstáculos.

"É desqualificante, é humilhante. A violência não é somente o soco na cara físico, é o soco na cara moral, ético, preconceituoso, racista. Não tem outro nome."

AGU promete apuração

Em resposta ao ocorrido, o ministro da AGU, Jorge Messias, enviou ofício ao TSE se solidarizando com a ministra Vera Lúcia e com a Corte Eleitoral.

A representante da AGU presente na sessão do TSE reforçou o compromisso da instituição com o combate ao racismo e informou que a gestão do prédio é terceirizada, mas que medidas administrativas já foram adotadas.

"Esse repugnante episódio ofende não apenas a dignidade da ministra, mas também os princípios mais elementares de respeito aos direitos fundamentais de igualdade racial que pautam o nosso Estado Democrático de Direito", diz o ofício lido na sessão.

A AGU também destacou que já possui um programa de combate ao assédio e à discriminação, com ações específicas de letramento racial e capacitação de profissionais terceirizados. Uma reunião com empresas contratadas para reforçar essas medidas já estava agendada para a próxima semana.

Providências

Cármen Lúcia informou que oficiou o presidente da Comissão de Ética da Presidência da República solicitando a apuração do caso, que "pode constituir crime" e representa uma agressão não apenas à pessoa da ministra, mas a toda a sociedade brasileira.

"Todo ser humano merece respeito em sua dignidade. Não pode persistir sem reação esse tipo de comportamento que fere a história e a constituição brasileira."

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