Promotor chama advogada de "rata" em sessão do Tribunal do Júri

Durante sessão do Tribunal do Júri em Taguatinga/TO, o promotor de Justiça Breno Simonassi chamou a advogada Pâmella Abel de "rata" enquanto realizava sustentação oral.

No vídeo divulgado nas redes sociais pela advogada, é possível ouvir as ofensas proferidas pelo membro do Ministério Público, que chamou a defesa de "sorrateira", "ardilosa" e "covarde", além de se referir diretamente à advogada como "rata".

Na sequência, a causídica solicita a palavra para apresentar questão de ordem e pede que o juiz registre em ata as expressões ofensivas.

Em nota pública, Pâmella afirmou que os ataques foram motivados por sua atuação em um júri anterior, no qual os réus foram absolvidos após recurso do Ministério Público, que buscava o aumento da pena.

"Quem estava em julgamento não era a defesa, nem o caso anterior", ressaltou a advogada.

A causídica declarou que repudia "com veemência esse comportamento" e que "a atuação da defesa não é e jamais será motivo de retaliação pessoal". Por fim, afirmou que medidas cabíveis serão tomadas.

"Não aceitaremos ataques. Não vamos nos calar. A advocacia resiste."

Veja o vídeo:

Manifestações de apoio

Após a repercussão do episódio, personalidades da classe manifestaram apoio à causídica. A conselheira Federal da OAB/SP, Patrícia Vanzolini, afirmou que o comportamento do promotor é inaceitável.

"Quando o promotor de Justiça, uma autoridade pública, diante dos jurados, diante da sociedade, chama uma advogada de rata, ele está chamando de ratos a todos os advogados criminalistas. Ele está ofendendo toda a advocacia criminal, a própria dignidade da nossa classe."

O presidente da Associação de Apoio e Desenvolvimento da Advocacia de Araguaína e Região, Roger Kühn, afirmou que não aceitará que o exercício combativo e legítimo da advocacia seja atacado por quem deveria zelar pelo equilíbrio do sistema de Justiça.

"Atacar um advogado é atacar toda a classe."