Justiça argentina sorteia novo tribunal para julgar morte de Maradona
TOC 7 de San Isidro conduzirá processo contra oito profissionais da saúde por homicídio com dolo eventual.
Da Redação
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Atualizado às 12:26
O TOC 7 - Tribunal Oral Criminal 7 de San Isidro, na Argentina, foi sorteado para conduzir novo julgamento criminal envolvendo oito profissionais da saúde acusados de envolvimento na morte de Diego Armando Maradona.
Segundo o jornal argentino "Clarín", a designação ocorreu durante audiência privada presidida por Ernesto García Maañón, presidente da Câmara de Apelações e Garantias em matéria penal de San Isidro, três semanas após a anulação do processo anterior que estava sob responsabilidade do TOC 3.
A sessão de sorteio foi realizada no Palácio de Tribunais de San Isidro e contou com a presença de Gianinna Maradona, filha do ex-jogador.
O novo colegiado será formado pelos juízes Roberto Gaig e Alejandro Lago, e pelo magistrado Alberto Ortolani, do TOC 1, convocado para completar o trio em razão do impedimento da juíza María Cohelo - integrante do TOC 7, mas atualmente designada para atuar em um Júri popular envolvendo a enfermeira Dahiana Gisela Madrid, uma das acusadas.
A próxima etapa do processo será a realização da chamada "audiência do art. 338" do Código Processual Penal da Província de Buenos Aires, momento no qual as provas do caso são formalmente apresentadas.
A partir dessa fase, os juízes terão 15 dias para analisar eventuais impugnações ou pedidos de nulidade. Se não houver objeções, o TOC 1 deverá ratificar a anulação do julgamento anterior, conforme decidido pelo TOC 3.
Por que estão sendo processados?
Maradona faleceu em 25/11/2020, aos 60 anos, em sua residência na cidade de Tigre, onde se recuperava de uma cirurgia cerebral.
Na época, a causa oficial da morte foi insuficiência cardíaca aguda.
No entanto, uma investigação do Ministério Público concluiu que houve negligência no atendimento médico durante a recuperação domiciliar, o que teria contribuído para o desfecho fatal.
Segundo os promotores, os profissionais teriam agido com "dolo eventual" - ou seja, assumiram o risco de provocar a morte de Maradona ao não garantir os cuidados adequados.
Laudos periciais apontaram que a equipe médica tratou o ex-jogador de forma "inadequada, deficiente e temerária", ignorando sinais clínicos de agravamento.
Em novembro de 2023, o caso foi formalmente levado a julgamento, com oito réus acusados de homicídio simples com dolo eventual.
Foram acusados os seguintes profissionais:
- Leopoldo Luque - neurocirurgião e médico pessoal de Maradona;
- Agustina Cosachov - psiquiatra;
- Carlos Ángel "Charly" Díaz - psicólogo;
- Nancy Edith Forlini - médica coordenadora da empresa Swiss Medical;
- Mariano Ariel Perroni - coordenador de enfermagem;
- Ricardo Omar Almirón - enfermeiro;
- Pedro Pablo Di Spagna - clínico geral;
- Dahiana Gisela Madrid - enfermeira, que será julgada separadamente por Júri popular.
Por que o julgamento anterior foi anulado?
O julgamento começou em 11/3/24, conduzido pelo TOC 3, composto pelos juízes Maximiliano Savarino, Verónica Di Tommaso e Julieta Makintach (esta última do TOC 2, atuando como substituta).
No entanto, após 19 audiências, a defesa do neurocirurgião Leopoldo Luque questionou a imparcialidade da juíza Makintach, alegando postura excessivamente inquisitiva em relação às testemunhas.
As críticas se intensificaram quando foi descoberto que a magistrada participava do documentário sobre o caso, intitulado "Justicia Divina", com imagens gravadas até mesmo dentro do tribunal e em seu carro.
Diante do evidente conflito de interesse, os demais magistrados do colegiado declararam a nulidade do processo e solicitaram a abertura de procedimento disciplinar contra Makintach.