P. Diddy é absolvido de tráfico sexual e condenado por crimes menores
Júri considerou rapper culpado por incentivar prostituição, mas negou tráfico.
Da Redação
quarta-feira, 2 de julho de 2025
Atualizado às 15:04
O rapper e empresário Sean "Diddy" Combs, conhecido como P. Diddy, foi absolvido da acusação mais grave que enfrentava - tráfico sexual -, mas condenado por duas infrações à Lei Mann, que pune o transporte de pessoas para fins de prostituição.
O veredito foi alcançado no terceiro dia de deliberação do Júri, que rejeitou as acusações mais severas contra o artista, como tráfico sexual mediante força, fraude ou coerção, além de conspiração para extorsão (racketeering).
A condenação pode levar Combs a cumprir até 20 anos de prisão, com pena máxima de 10 anos por cada acusação.
Embora o resultado represente uma derrota judicial, a absolvição dos crimes mais graves é considerada uma vitória parcial para o artista, que enfrentava a possibilidade de prisão perpétua.
Como foi formado o Júri?
Composto por oito homens e quatro mulheres, o Júri deliberou por cerca de 13 horas ao longo de três dias.
Ao ouvir o veredito, Combs fez um gesto de oração em direção aos jurados, abraçou advogados e, em seguida, se ajoelhou diante da família. Emocionado, afirmou:
"Estarei em casa em breve. Eu te amo, mãe."
Os familiares e defensores o aplaudiram ao deixarem o tribunal.
A promotoria já sinalizou que solicitará a pena máxima.
O juiz distrital Arun Subramanian, responsável pelo caso, decidirá se o réu poderá aguardar a sentença em liberdade, mediante fiança.
Preso desde setembro de 2024, P. Diddy ainda aguarda decisão sobre o pedido de soltura.
Julgamento
Durante as sete semanas de julgamento, a acusação apresentou quase 30 testemunhas, enquanto a defesa optou por não convocar nenhuma e tampouco levou P. Diddy a depor.
Os promotores sustentaram que o réu explorava sua posição de poder para abusar de mulheres em dinâmicas sexuais coercitivas e degradantes.
A promotora Christy Slavik classificou o rapper como o líder de uma organização criminosa que se aproveitava da influência, riqueza e força física para submeter mulheres durante mais de duas décadas. Segundo ela, "mesmo uma única instância de manipulação seria suficiente para a condenação".
A defesa, por sua vez, argumentou que os relacionamentos eram consensuais e que o estilo de vida do réu, ainda que marcado por comportamentos violentos, não configurava crime.
O advogado Marc Agnifilo chegou a afirmar que se tratava de "invasão de privacidade" e que as gravações feitas por P. Diddy eram "pornografia caseira consentida".
Depoimento
Entre os depoimentos mais impactantes está o de Casandra Ventura, a cantora Cassie, ex-namorada do réu.
Ela detalhou os 11 anos de um relacionamento abusivo, marcado por violência, coerção e encontros sexuais organizados pelo réu, conhecidos como "freak-offs" ou "noites de hotel", envolvendo prostitutas.
Cassie relatou ter sido forçada a atos humilhantes, sob o risco de agressões físicas - episódios confirmados por um vídeo de 2016 exibido ao Júri, que mostra Combs a agredindo em um hotel de Los Angeles.
Outra ex-namorada, identificada apenas como "Jane", relatou episódios de violência extrema, incluindo estrangulamento e agressões físicas, além de encontros sexuais forçados. Apesar disso, admitiu ainda ter sentimentos pelo réu.
O rapper Kid Cudi também depôs, afirmando que Combs teria incendiado seu carro após descobrir um relacionamento entre ele e Cassie - o que P. Diddy nega.
Quem é P. Diddy?
Ícone do hip-hop desde os anos 90, Sean Combs construiu um império musical e empresarial que incluiu a gravadora Bad Boy Records, a marca de moda Sean John, a vodca Ciroc e até um canal de televisão.
Após ser absolvido em 2001 de posse ilegal de arma e tentativa de suborno, sua carreira parecia consolidada.
Contudo, desde novembro de 2023, sua imagem vem se deteriorando. Cassie o processou por abusos físicos e sexuais. A ação foi encerrada com um acordo de US$ 20 milhões no dia seguinte à propositura. Desde então, novas denúncias se multiplicaram, envolvendo mulheres e também homens. A maioria ainda aguarda julgamento.
Informações: NBC, The Washington Post.