Edilene Lôbo defende representatividade: "democracia para quem?"
Durante entrevista, ministra do TSE defendeu a ideia de democracia combativa, com inclusão e visibilidade para grupos historicamente minorizados.
Da Redação
quarta-feira, 2 de julho de 2025
Atualizado em 4 de julho de 2025 11:01
Durante conversa com o Migalhas, a ministra Edilene Lôbo, do TSE, destacou a necessidade de repensar os fundamentos da democracia brasileira, propondo uma concepção mais inclusiva e combativa.
Para a ministra, democracia não pode ser vista como um fim em si mesma, mas como um meio de garantir direitos fundamentais às pessoas - especialmente àquelas pertencentes às maiorias numéricas que seguem excluídas dos espaços de poder e da fruição plena de direitos.
"Falar de democracia significa falar de direitos fundamentais para a maioria, essa maioria embaixo e atrás", afirmou Edilene.
Ao abordar os desafios contemporâneos da representatividade, a ministra enfatizou que mulheres negras, embora numericamente significativas, continuam a ser politicamente minorizadas, o que evidencia o desequilíbrio estrutural na distribuição de direitos e oportunidades.
Durante a entrevista, ela defendeu o conceito de "democracia combativa", um modelo que enfrenta abertamente as desigualdades e se compromete com a redistribuição dos bens da vida, materiais e simbólicos, àqueles que historicamente ajudaram a construí-los, mas permanecem à margem de sua fruição.
A ministra também abordou o impacto do racismo e do colonialismo na estrutura da sociedade brasileira, destacando sua perpetuação no ambiente digital por meio do que chamou de "tecnofeudalismo".
Segundo ela, esse novo modelo digital amplia as exclusões ao invés de reduzi-las, mantendo as mesmas barreiras de acesso que marcam a história de desigualdade no Brasil.
Para Edilene Lôbo, falar de democracia é falar de inclusão, de visibilidade e de partilha dos espaços de poder.
"É preciso perguntar: democracia para quê? Democracia para quem?", concluiu.
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O evento
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