Mona Lisa já sofreu furto, disputa judicial e tentativa de retorno à Itália
Migalhas esteve no Museu do Louvre, onde a obra de arte - uma das mais famosas do mundo - permanece há mais de 500 anos.
Da Redação
domingo, 13 de julho de 2025
Atualizado às 07:55
Há quem diga que nenhuma pintura atrai tantos olhares quanto a Mona Lisa - retrato de Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo. O que poucos sabem é que essa fama monumental já colocou o quadro no centro de roubos históricos, disputas judiciais e até debates sobre direito de propriedade cultural.
Pintada pelo italiano Leonardo da Vinci no início do século XVI, a obra foi levada à França pelo próprio artista, onde acabou adquirida pela Coroa Francesa. Desde então, permanece sob custódia do Estado francês.
Roubo cinematográfico
Em 21 de agosto de 1911, a Mona Lisa deixou o Louvre escondida debaixo do casaco de Vincenzo Peruggia, um vidraceiro italiano que havia prestado serviços ao museu. Convencido de que a obra "pertencia" à Itália, Peruggia manteve o retrato oculto por mais de dois anos.
A pintura só reapareceu em dezembro de 1913, quando o ladrão tentou negociá-la com um antiquário de Florença; detido pela polícia, cumpriu uma breve pena, e o quadro - após rápida exibição em solo italiano - regressou intacto a Paris em janeiro de 1914. O episódio, amplamente noticiado, ampliou a fama de Mona Lisa, que se tornou o ícone global que conhecemos hoje.
Em razão do incidente, e da fama crescente, em 1966, a obra-prima foi transferida para a maior sala do Louvre - a Salle des États - onde é conservada nas melhores condições possíveis, protegida dentro de uma caixa de vidro com temperatura e humidade controladas.
Tentativas de repatriação e recusa da Justiça
Em 2024, a associação italiana International Restitutions acionou os tribunais franceses solicitando que a obra fosse devolvida à Itália. A alegação era de que a pintura fora "sequestrada" do território italiano e deveria retornar ao país de origem do artista.
O pedido, contudo, foi rejeitado pelo Conselho de Estado da França, que considerou a ação improcedente e abusiva. O Tribunal reforçou que a Mona Lisa está legalmente sob domínio público francês há mais de 500 anos, e condenou a associação em 3000 euros.
Reforma histórica do Louvre
Em janeiro deste ano, o presidente da França Emmanuel Macron anunciou que a Mona Lisa ganhará um novo espaço exclusivo dentro do Museu do Louvre - e com ingresso à parte. O plano integra uma reforma ampla, que também prevê uma nova entrada para o museu até 2031.
Estima-se que 80% dos visitantes do Louvre compareçam exclusivamente para ver a pintura - que atualmente divide espaço com outras obras em uma sala superlotada, protegida por vidro à prova de balas.
O objetivo da sala exclusiva, segundo o presidente francês, é "reequilibrar a maneira de visitar o museu" e devolver o Louvre aos parisienses, em termos de acesso e preservação. O anúncio veio após alertas do próprio diretor do museu sobre os riscos de obsolescência e degradação das instalações, que ameaçariam a conservação de obras como a própria Mona Lisa.
Hoje, a permanência da Mona Lisa no Louvre já não é apenas uma questão de tradição, mas de direito cultural consolidado.