Para Djamilla Ribeiro, é preciso "mudar a cara" do Judiciário
Em entrevista ao Migalhas, filósofa defendeu mais negros e mais mulheres na magistratura.
Da Redação
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Atualizado às 15:45
A filósofa e ativista Djamila Ribeiro defendeu que o sistema de Justiça brasileiro assuma um papel mais sensível e inclusivo no combate ao racismo. Em entrevista ao Migalhas, ela afirmou que é fundamental ampliar a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de decisão no Judiciário, de forma a romper com a visão meramente tecnicista e aproximar a Justiça das realidades vividas por grupos historicamente marginalizados.
A entrevista foi concedida durante o XIX Conbrascom, realizado em São Luís, no Estado do Maranhão.
Para Djamila, o Judiciário deve ir além da aplicação fria da lei, incorporando uma compreensão profunda sobre o contexto social no qual a população negra está inserida.
"A Justiça precisa olhar para essas questões. Histórias foram invisibilizadas. É preciso sensibilidade para entender como as desigualdades afetam a vida da população negra e não criminalizar ainda mais."
Assista:
Segundo a pesquisadora, a formação de quem atua no sistema de Justiça é parte essencial dessa mudança. Djamila também ressaltou que, embora alguns tribunais tenham apresentado avanços, ainda existem decisões que agravam a situação de grupos vulneráveis. Por isso, para ela, a luta por representatividade deve caminhar junto com a promoção de políticas que efetivamente garantam justiça e igualdade.
Quem é Djamila Ribeiro
Djamila Ribeiro é filósofa, escritora e uma das mais influentes vozes no debate sobre questões raciais e de gênero no Brasil. Mestre em Filosofia Política pela Unifesp, já atuou como secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e é reconhecida por seu trabalho acadêmico e ativista. Autora de diversos livros, tornou-se amplamente conhecida pela obra Pequeno Manual Antirracista, best-seller que aborda, de forma didática, ações concretas para combater o racismo no cotidiano.