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Completando a coletânea

Pesquisador resgata crônicas inéditas de Almeida Nogueira em novo livro

Obra publicada pela Editora Migalhas traz textos "esquecidos" do maior memorialista das Arcadas.

Da Redação

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Atualizado às 09:44

Um achado acadêmico transformou-se em resgate histórico e, agora, em livro.

Durante o doutorado, o pesquisador Ariel Engel Pesso descobriu crônicas inéditas do professor José Luís de Almeida Nogueira, autor dos nove volumes de "A Academia de São Paulo: tradições e reminiscências, estudantes, estudantões, estudantadas".

As crônicas, publicadas originalmente em jornais paulistanos entre o fim do século XIX e o início do XX, permaneceram esquecidas por mais de um século - até que Pesso as reuniu, anotou e organizou no volume agora lançado pela editora Migalhas.

 (Imagem: Arte Migalhas)

Ariel Pesso organizou a 10ª série da coletânea "Tradições e Reminiscências", agora lançada pela editora Migalhas, com crônicas inéditas de Almeida Nogueira.(Imagem: Arte Migalhas)

O maior cronista das Arcadas

Aluno da turma de 1873, lente catedrático de Economia Política e redator-chefe do "O Commercio de São Paulo", Almeida Nogueira dedicou-se a registrar a vida estudantil e o espírito boêmio das Arcadas.

A partir de 1907, começou a compilar suas crônicas em volumes que se tornaram referência incontornável para a história da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

O método combinava pesquisa documental e memória viva: publicava textos sobre turmas antigas nos jornais e convidava ex-alunos ainda vivos a enviar correções e relatos adicionais.

A morte precoce, em 1914, interrompeu o trabalho - e parte significativa de seu acervo permaneceu dispersa nas páginas do Correio Paulistano.

Da pesquisa ao resgate

Em entrevista, Ariel Pesso, organizador da obra, conta como descobriu os textos inéditos.

"Em 2020, eu estava fazendo meu doutorado [...] e eu resolvi ir atrás, um pouco mais, da obra do Almeida Nogueira. Eu percebi que existiam crônicas inéditas ainda sobre a história da faculdade, e achei isso interessante."

Confira a fala:

O pesquisador transcreveu todos os textos, modernizou a grafia e acrescentou notas explicativas - inclusive para os termos originais, em francês e latim, a fim de facilitar a leitura contemporânea.

O trabalho nasceu no contexto de sua tese sobre ensino jurídico e escravidão no século XIX.

Segundo o autor, as crônicas de Almeida Nogueira revelam muito sobre o cotidiano acadêmico e a sociabilidade dos estudantes da época.

"Tem um episódio muito interessante. Ele relata que os estudantes, ali no final da década de 1860, desciam para Santos para pegar o navio de volta para suas casas, e eles gostavam de apostar a corrida nas costas de escravos. Ele traz vários relatos inéditos, e a gente consegue entender mais o contexto da instituição por meio das crônicas", observou.

Memória e cultura jurídica

A nova edição reforça a relevância de Almeida Nogueira como memorialista maior da tradição jurídica brasileira. Seu olhar sobre o cotidiano das Arcadas ajuda a compreender não apenas o passado da instituição, mas também a formação do pensamento jurídico nacional.

"Então, a gente consegue entender quem eram os alunos, quem eram os professores, eventualmente, quem eram os funcionários e como funcionava a sociabilidade desses agentes em volta da faculdade", explica Pesso.

"É importante, porque a gente tem acesso a um aspecto da cultura jurídica que ficaria esquecido se não fosse o trabalho de resgate de memória do Almeida Nogueira", conclui.

O livro

Com apresentação de Celso Fernandes Campilongo, diretor da Faculdade de Direito da USP, e prefácio de Eduardo Cesar Silveira Vita Marchi, o livro reúne crônicas de várias turmas do século XIX - incluindo a de 1859-1863, da qual fizeram parte Prudente de Morais e Campos Salles, e a de 1870, célebre por nomes como Rui Barbosa, Afonso Pena, Rodrigues Alves e Castro Alves.

Os textos resgatam personagens, anedotas e disputas estudantis que marcaram gerações de juristas.

"São histórias de estudantes e estudantadas que enriquecem a história de nossa Faculdade e também da cultura jurídica brasileira", escreve Campilongo.

A nova publicação da Editora Migalhas devolve à história do Direito brasileiro uma peça perdida de sua memória, completando, mais de cem anos depois, o décimo volume das "Tradições e Reminiscências".

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