Presa injustamente por 6 anos, jovem morre dois meses após absolvição
A jovem havia passado quase seis anos presa preventivamente sob acusação de homicídio e foi diagnosticada com câncer do colo do útero enquanto estava encarcerada.
Da Redação
segunda-feira, 3 de novembro de 2025
Atualizado às 10:54
Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, morreu dois meses após ser absolvida pelo Tribunal do Júri de Salto do Jacuí/RS. A jovem havia passado quase seis anos presa preventivamente sob acusação de homicídio e foi diagnosticada com câncer do colo do útero enquanto estava encarcerada. O corpo foi sepultado na última segunda-feira, 27, no Cemitério Municipal de Araranguá/SC.
Ela foi presa em agosto de 2019, após denúncia do Ministério Público que a apontava como uma das responsáveis pela morte de Daniel Gomes Soveral, ocorrida em novembro de 2018. O MP sustentou que ela teria atraído a vítima até o local do crime, em Salto do Jacuí, no Noroeste gaúcho, a pedido dos demais acusados.
A defesa afirmou desde o início que Damaris era inocente e que apenas relatou ao então namorado ter sido estuprada pela vítima. O homem, segundo a defesa, teria agido por conta própria ao cometer o homicídio e incendiar o veículo com o corpo dentro.
Mesmo sem provas diretas contra a jovem, os pedidos de revogação da prisão preventiva foram rejeitados pelo Ministério Público e pela Justiça. Damaris permaneceu detida em penitenciárias de Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo.
Doença e prisão domiciliar
Durante o período em que esteve presa, a jovem relatou dores e sangramentos, sintomas que indicavam o avanço do câncer. Os laudos apresentados pela defesa não foram aceitos como comprovação de doença grave. Em uma das decisões, o Ministério Público afirmou que os documentos eram "meros receituários médicos, sem diagnóstico".
Somente em março de 2025, após agravamento do quadro clínico, a prisão foi convertida em domiciliar. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, mantida inclusive durante exames e sessões de tratamento. Em abril, Damaris passou a cumprir prisão domiciliar na casa da mãe, em Balneário Arroio do Silva/SC.
O júri popular ocorreu em 13 de agosto de 2025. O Conselho de Sentença absolveu Damaris de todas as acusações, reconhecendo que ela não teve participação no crime.
Na época do júri, a advogada criminalista Rebeca Canabarro, que defendeu a jovem, fez um post em suas redes sociais:
Setenta e quatro dias depois, em 26 de outubro, a jovem morreu em decorrência do câncer.
Comoção
A morte de Damaris gerou grande comoção em Balneário Arroio do Silva, cidade onde vivia com a família. Amigos e moradores prestaram homenagens nas redes sociais, destacando sua simpatia e coragem durante o período de tratamento.
Mensagens de solidariedade à família circularam em grupos e páginas locais. "Acabou teu sofrimento. Descanse em paz, Damaris. Que Deus conforte o coração da tua mãe que tanto lutou ao teu lado", escreveu uma amiga. Outro comentário dizia: "Tive o prazer de conhecer esta menina maravilhosa, sempre com um sorriso no rosto, mesmo doente. Que descanse em paz."
Ela deixa seus pais, dois irmãos e seu namorado.




