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TRF-1 manda juiz analisar conformidade entre concurso e edital

Para colegiado, análise judicial da compatibilidade entre questões e conteúdo do edital não caracteriza intromissão indevida no certame.

5/2/2025

Juiz Federal deverá analisar ação proposta por um candidato ao cargo de Analista Tributário da Receita Federal para verificar a conformidade entre questões da prova e conteúdo do edital. A decisão unânime foi da 6ª turma do TRF da 1ª região, que anulou a rejeição liminar da ação e determinou o retorno dos autos para nova decisão.

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No caso, o candidato alegou que os critérios de correção de duas questões extrapolaram o conteúdo previsto no edital, violando o princípio da vinculação ao edital.

Assim, requereu a declaração da ilegalidade da correção das perguntas, com a consequente atribuição dos pontos devidos e, se necessário, sua reclassificação no concurso.

Em 1ª instância, o juiz julgou a ação improcedente liminarmente, com base no art. 332 do CPC. Segundo o magistrado, o Poder Judiciário não poderia substituir a banca examinadora, conforme entendimento do STF no RE 632.853.

Inconformado, o candidato recorreu, sustentando que não buscava a revisão subjetiva da correção da banca, mas a verificação da legalidade dos critérios adotados, à luz do princípio da vinculação ao edital.

Argumentou, ainda, que a decisão de 1º grau incorreu em erro processual ao aplicar indevidamente o art. 332 do CPC.

TRF da 1ª região determinou que juiz analise ação de candidato que questionou conformidade entre conteúdo de questões e edital de concurso.(Imagem: Freepik)

Rito banalizado

Ao analisar o recurso, a relatora, desembargadora Federal Kátia Balbino, destacou que, embora o STF tenha consolidado a tese de que o Judiciário não pode interferir nos critérios de avaliação das bancas examinadoras, há uma exceção quando a correção de uma questão viola regras previstas no edital do concurso.

Segundo o voto da relatora, a análise da compatibilidade entre os critérios da banca e o edital não configura indevida interferência judicial, mas verificação de legalidade permitida pela própria jurisprudência do STF.

Além disso, ressaltou que o julgamento liminar da ação sem a devida análise do mérito foi inadequado, pois a matéria discutida exigia uma avaliação mais aprofundada. "O descuro do julgador ao não realizar o exame próprio e necessário da moldura fática presente na lide termina por banalizar o rito processual, ao tempo em que também substancia disfarçada negativa de prestação jurisdicional", afirmou.

Assim, com base no voto da relatora, a 6ª turma do TRF da 1ª região proveu a apelação e determinou o retorno dos autos à 1ª instância para regular andamento.

O escritório VIA ADVOCACIA - Concursos e Servidores atua pelo candidato.

Veja o acórdão.

Veja a versão completa

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