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Advogado defende Justiça do Trabalho adaptada ao novo mercado

Ronaldo Tolentino, sócio da Ferraz dos Passos Advocacia e Consultoria, comenta sobre PL 1.472/22, que amplia competências da Justiça do Trabalho e reacende debate sobre relações laborais.

29/5/2025

Está em tramitação no Senado Federal o PL 1.472/22, que propõe ampliar a competência da Justiça do Trabalho para julgar todas as disputas judiciais envolvendo relações de trabalho — e não apenas aquelas regidas pela CLT.

O texto, que aguarda deliberação final na CCJ - Comissão de Constituição e Justiça, surge como resposta à crescente complexidade das novas formas de prestação de serviços no país.

Na última semana, o tema foi pauta de uma reunião no Senado entre representantes da área jurídica e o relator do projeto na CCJ, senador Laercio Oliveira (PP/SE). O encontro teve como objetivo discutir os impactos da proposta e levantar pontos de atenção sobre o papel da Justiça do Trabalho diante das mudanças nas relações laborais.

A proposta busca adaptar o Judiciário trabalhista às transformações do mercado e esclarecer o alcance do art. 114 da CF/88, que trata da competência da Justiça do Trabalho.

Advogado defende Justiça do Trabalho adaptada ao novo mercado.(Imagem: Freepik )

"A Justiça do Trabalho deve acompanhar as transformações do mundo do trabalho, sob pena de se tornar obsoleta. Inclusive, ao meu ver, esse é hoje um dos principais problemas enfrentados pelo Judiciário trabalhista", afirma Ronaldo Tolentino, sócio do Ferraz dos Passos Advocacia e Consultoria.

Segundo o advogado, ainda há uma visão limitada no Judiciário sobre os vínculos laborais contemporâneos. "Muitos juízes do trabalho só conseguem enxergar uma única forma de relação de trabalho, a celetista, e tentam enquadrar todos os tipos de vínculo existentes dentro da CLT", critica.

Na avaliação de Tolentino, o projeto apenas reforça o que já está previsto na Constituição. "O PL, ao meu ver, apenas explicita melhor o que já consta no artigo 114 da CF. A modernização é necessária e deve começar pela forma como os juízes do trabalho enxergam as relações laborais. Há vida além da CLT", conclui.

Com o avanço da economia de plataforma, do trabalho por projeto e da informalidade estrutural, a proposta reacende um debate crucial: Qual deve ser o papel da Justiça do Trabalho no cenário atual — e como ela pode se posicionar para garantir efetividade na proteção de quem vive do próprio trabalho, independentemente da forma como ele se dá.

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