Durante oitiva realizada nesta terça-feira, 10, no STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas por declarações proferidas em reunião ministerial nas quais sugeria, sem apresentar provas, que os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso teriam recebido milhões de dólares.
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O vídeo da reunião, que integra os autos da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, foi citado pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, ao questionar Bolsonaro sobre as insinuações.
“Olha o Fachin, o cara não tem limite (...). Que o Barroso está levando 30 milhões de dólares? Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes está levando 50 milhões de dólares? Não vou falar isso aí”, leu Moraes, referindo-se ao trecho da gravação da reunião.
Em seguida, perguntou: “Quais eram os indícios que o senhor tinha de que nós estaríamos levando 50 milhões, 30 milhões de dólares?”
O ex-presidente respondeu que “não tem indício nenhum, senhor ministro.” Ainda, Bolsonaro afirmou que se tratava de um momento privado, que a reunião não deveria ser gravada, e que suas falas foram fruto de um desabafo.
“Uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando, teria falado a mesma coisa. Me desculpem, não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três.”
Assista o trecho:
Histórico
A ação penal que apura a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 foi instaurada no STF após o oferecimento de denúncia pela PGR, que apontou a atuação coordenada de diversos núcleos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades foram incluídos na investigação e, posteriormente, tornaram-se réus após a denúncia ser recebida pelo STF.
Relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, a ação avançou para a fase de instrução, com a realização das oitivas dos acusados, como a que ocorre nesta terça-feira, 10, na qual o ex-presidente presta depoimento.
A fase atual antecede o julgamento de mérito, no qual a Corte irá decidir pela condenação ou absolvição dos envolvidos.