Os criminalistas Alberto Zacharias Toron e Fábio Tofic assumiram as defesas do advogado Luiz Eduardo Kuntz e do coronel da reserva Marcelo Câmara, respectivamente, no STF. Ambos são alvos de investigação que apura uma suposta tentativa de obstrução de Justiça, no contexto das investigações sobre a chamada trama golpista.
Toron atua na defesa de Kuntz ao lado do advogado Renato Marques Martins, enquanto Fábio Tofic e Mário Papaterra Limongi respondem pela defesa de Marcelo Câmara.
O caso envolve uma investigação sobre supostas conversas ocorridas entre Kuntz e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, nas quais teriam discutido informações sobre a delação premiada do militar.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, entendeu que houve tentativa de acesso indevido a dados sigilosos, determinou a prisão de Marcelo Câmara e instaurou um inquérito também contra Kuntz.
Em nota à imprensa, a defesa de Kuntz classificou como “abusiva” a abertura do inquérito. Segundo Martins, o advogado atuou no estrito exercício da advocacia ao ser procurado por Mauro Cid, buscando esclarecer se a delação havia ocorrido de forma espontânea ou sob pressão.
“Afirmo que ele [Kuntz], tendo sido procurado pelo Sr. Mauro Cid, exerceu seu dever de verificar se a delação daquele foi ou não espontânea, ou se houve algum tipo de coação ou pressão para que ele acusasse terceiros falsamente, o que, pelo que consta das mensagens enviadas pelo Sr. Mauro Cid, infelizmente ocorreu."
Já Tofic, afirmou que a defesa de Câmara espera que Moraes reveja a decisão de decretar a prisão do coronel, que estava preso quando houve a troca de mensagens entre Cid e seu advogado.
"Não há um único indício de que tenha acessado o teor ou interferido na comunicação iniciada pelo delator com a defesa técnica. O inquérito certamente vai comprovar isto. A prisão, é certo, não poderia jamais preceder a apuração dos fatos."
Entenda
A abertura de investigação feita após a revista Veja publicar que ele teria mentindo no depoimento prestado na segunda-feira, 9, ao Supremo.
Na ocasião, Cid foi perguntado pela defesa de Bolsonaro se tinha conhecimento sobre o perfil, que é identificado com o mesmo nome da esposa do militar, Gabriela Cid. Ele respondeu que não sabia se o perfil era de sua esposa e afirmou que não usou redes sociais para se comunicar com outros investigados.
Os advogados do ex-presidente levantaram a suspeita de que Cid usou o perfil para vazar informações de seus depoimentos de delação.
Pelas cláusulas do acordo, os depoimentos são sigilosos, e o descumprimento pode levar a penalidades, como a anulação dos benefícios, entre eles, a possibilidade de responder ao processo em liberdade.
Com base na declaração de Cid, Bolsonaro defendeu a anulação da delação de seu ex-ajudante de ordens.