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Suprema Corte dos EUA suspende lei da Flórida contra imigração ilegal

Medida estadual que criminaliza entrada de imigrantes foi suspensa até julgamento da constitucionalidade.

11/7/2025

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu impedir temporariamente que a Flórida aplique lei estadual que impõe sanções penais severas contra imigrantes sem documentação que entrem no Estado.

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Segundo o portal The Washington Post, a decisão foi tomada de forma sumária, sem justificativa escrita nem indicação dos votos, conforme é habitual em medidas de urgência.

Com isso, a legislação permanece suspensa enquanto a ação que questiona a constitucionalidade tramita nas instâncias inferiores.

A lei contestada

O texto impugnado é o projeto de lei SB 4-C, sancionado em fevereiro pelo governador Ron DeSantis, conhecido pelo posicionamento conservador e por políticas alinhadas ao presidente Donald Trump.

A norma transforma em crime estadual, com pena mínima de prisão, a entrada de qualquer adulto classificado como "estrangeiro não autorizado" na Flórida, caso tenha ingressado nos EUA evitando inspeção migratória.

Além disso, o texto obriga autoridades locais e estaduais a notificarem o ICE - Departamento de Imigração e Alfândega sobre detenções de imigrantes, sem prever exceções para pessoas com pedidos humanitários pendentes ou solicitações de regularização migratória em curso.

Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu lei da Flórida contra imigração ilegal.(Imagem: Freepik)

Fundamentos da suspensão

A ação contra a lei foi movida por duas organizações - Farmworker Association of Florida e Florida Immigrant Coalition - e por dois indivíduos afetados. 

A ACLU - União Americana pelas Liberdades Civis, que representa os autores do processo, argumenta que a legislação subverte o equilíbrio previsto pelo Congresso, ao permitir que Estados operem sistemas migratórios paralelos ao Federal. 

Em abril, a juíza Federal Kathleen Williams, da Flórida, já havia barrado a aplicação da norma, ao considerar que ela violaria a Constituição dos EUA por invadir competência exclusiva do governo Federal para legislar e executar políticas migratórias.

A decisão foi mantida pela Corte de Apelações do 11º Circuito, que destacou a colaboração já existente entre autoridades estaduais e o Departamento de Segurança Interna dos EUA.

A Procuradoria-Geral da Flórida, comandada por James Uthmeier, recorreu à Suprema Corte alegando que o texto apenas acompanha a legislação Federal, sem contradizê-la.

Para o procurador, a suspensão impede o Estado de proteger seus cidadãos e combater os danos causados pela imigração irregular. Ele também questionou a abrangência da decisão da juíza, que proibiu todas as agências estaduais de aplicar a lei.

Contexto nacional

Leis semelhantes têm sido propostas ou aprovadas em outros Estados, como Texas, Oklahoma e Iowa. Quatro dessas normas - incluindo a da Flórida - já foram barradas por interferirem na atuação exclusiva de autoridades Federais na política migratória. Outras ainda não entraram em vigor.

A Suprema Corte, por sua vez, já autorizou temporariamente a vigência de medida semelhante no Texas, mas essa decisão foi rapidamente revertida pela Corte de Apelações do 5º Circuito.

Em outra decisão de 2024, a Corte permitiu que o governo Biden removesse barreiras físicas (como arame farpado) instaladas pelo Texas na fronteira com o México, também sob o argumento de que apenas o governo federal tem autoridade sobre a política de fronteiras.

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