O MP/SC analisa representação por possível prática de xenofobia atribuída ao casal de influenciadores Jenifer Milbratz e Cleiton Stainzack, que publicou vídeo com declarações polêmicas sobre migração para o Estado catarinense.
No material divulgado nas redes sociais, os autores listam o que chamam de “verdades” sobre os catarinenses e afirmam que certas pessoas “nunca deveriam ter vindo” morar na região.
O documento foi apresentado pela vereadora Ingrid Sateré Mawé, de Florianópolis, e está sob análise da 40ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital.
A manifestação aponta indícios de incitação à discriminação contra migrantes internos e discurso de ódio.
Confira o vídeo:
O caso
Na gravação, publicada em 10/7 e com mais de 5 milhões de visualizações, Jenifer e Cleiton recomendam que quem “vier com jeitinho e corpo mole” deve “voltar enquanto é tempo”.
Também diferenciam os que “fogem de Estados destruídos pela esquerda”, considerados bem-vindos, daqueles alinhados a pautas como ideologia de gênero e políticas assistenciais, que, segundo o casal, não seriam aceitos em Santa Catarina.
A vereadora Ingrid Sateré Mawé afirmou em post nas redes que, embora o vídeo não mencione explicitamente uma região do país, o conteúdo reproduz um discurso de exclusão historicamente direcionado a migrantes nordestinos e nortistas.
Para Ingrid, o material publicado extrapola os limites da liberdade de expressão ao promover, sob pretexto de preservar “valores conservadores”, uma narrativa de discriminação.
“Ser migrante não é ameaça, é soma, é força, é trabalho, é cultura viva”, declarou. Segundo a vereadora, associar características culturais e políticas do estado à rejeição de migrantes configura incitação ao preconceito, passível de responsabilização com base na Constituição Federal e na legislação penal vigente.
Veja a publicação:
Reação e defesa
Após a repercussão, os influenciadores afirmaram ao g1 ter recebido ameaças nas redes sociais, inclusive contra os filhos pequenos.
Alegam que o vídeo tem caráter opinativo, que estaria protegido pela liberdade de expressão, e negam qualquer intenção discriminatória.
Jenifer, que se identifica como conservadora e cristã, disse que o conteúdo apenas exalta aspectos da cultura local, como a valorização do trabalho.