Nesta quinta-feira, durante a leitura de Cármen Lúcia no julgamento da ação penal da trama golpista que envolve Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado, a ministra acolheu o pedido de aparte do ministro Flávio Dino. Alfinetando o colega Luiz Fux, afirmou ser “da prosa” e ressaltou, a importância de assegurar espaço de fala no plenário.
“Todos, desde que rápidos, porque também nós mulheres ficamos 2 mil anos caladas, nós queremos ter o direito de falar. Mas eu concedo, como sempre, está no Regimento do Supremo, o debate faz parte dos julgamentos, tenho o maior gosto em ouvir, eu sou da prosa.”
439679
Em seguida, Dino brincou que o ministro Gilmar Mendes, que havia comentado sobre a brevidade de seu voto. “É porque eu uso uma técnica que chama banco de horas: eu faço voto curto para poder fazer muita parte”, disse.
Cármen Lúcia entrou na conversa com nova piada: “Nossa, mas vai descontar tudo no meu não, né?”.
Dino respondeu afirmando que ainda haveria tempo no voto do ministro Cristiano Zanin, o que gerou outra fala de Cármen: “Ah, é, o do ministro Zanin é bom, é um bom voto para se cortar, porque aí não vai ter nem a aplicação da lei Maria da Penha”.
Veja o momento:
Entenda
Na última terça-feira, durante julgamento da trama golpista, ministro Luiz Fux interrompeu a sessão para recordar um acordo prévio entre os magistrados de que os votos seriam lidos sem apartes, a fim de evitar a perda do fio da meada em exposições longas.
A manifestação ocorreu após o ministro Flávio Dino ter feito uma breve intervenção durante o voto do relator, Alexandre de Moraes. Fux ressaltou que, apesar de considerar pertinente a fala, manteria o combinado e não aceitaria apartes em seu voto.
"Eu não vou conceder conforme nós combinamos lá na sala, porque o voto muito extenso, a gente perde o fio da meada, principalmente quando, eventualmente, a gente apresenta uma certa discordância."