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Dancinha do prefeito

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Atualizado em 6 de fevereiro de 2025 10:10

Uma cena hilária, ao mesmo tempo ridícula e lamentável, nos proporcionou o nosso alcaide, recentemente. Foi ele a uma solenidade da Guarda Municipal e lá pelas tantas passou a, juntamente com um secretário municipal, creio que o da Segurança, cantar e a mexer o corpo de forma desengonçada, entoando na verdade não uma música, mas um grito de guerra, seguido pelos seus comandados.

Uma cena, disse eu, lamentável, melhor dizendo, aterrorizante. Havia nos berros proferidos por ele e seus companheiros uma instigação à violência contra criminosos, ou não criminosos, cidadãos inocentes. É isso que leva às ações agressivas. Isto é, elas atingem quem comete crimes e quem não os comete, pois elas são indiscriminadas.

O entusiasmado incentivo ao uso de gás e de outros instrumentos lesivos destoa do comportamento de um homem público que deve substancialmente zelar pela paz, pelo cumprimento das leis e pela efetiva segurança dos munícipes. Sua participação no até então inimaginável evento é a antítese do esperado de quem comanda um município do porte e da complexidade de São Paulo. A sua atenção necessariamente deveria estar voltada para o encaminhamento das soluções para os infindáveis problemas da cidade, que angustiam e trazem sofrimentos aos seus habitantes. Enchentes; moradores de rua; trânsito; ruas abandonadas; favelas; saúde; educação e tantas outras questões cruciais será que não constituem prioridades? Ou esse descabido e inconsequente protagonismo se coaduna com suas responsabilidades?

Na realidade, ao instigar os guardas municipais à violência cometeu vários ilícitos de consequências danosas aos paulistanos. Instigou a prática de crimes, fato que representa por si um crime; pregou uma conduta que contraria a Constituição Federal, pois ele parece ignorar que o comando constitucional atribui às Guardas Municipais exclusiva competência para cuidar dos logradouros públicos das cidades. Não possui, portanto, nenhuma incumbência de combate ao crime. Essa função é delegada às polícias Civil e Militar.

Caso os policiais do município obedeçam à absurda voz de comando do prefeito, nós teremos os munícipes cada vez mais sitiados entre dois fogos: o dos criminosos e os da polícia, agora acrescida da guarda pretoriana do nosso alcaide. Haja insegurança.