As eleições serão importantes?
terça-feira, 28 de setembro de 2004
Atualizado em 27 de setembro de 2004 12:52
Francisco Petros*
As eleições serão importantes?
Tanto nos EUA quanto no Brasil as eleições terão papel central para a formação das expectativas dos agentes em relação às respectivas políticas econômicas em vigor, bem como haverá uma recomposição política, seja em relação ao suporte partidário (no caso do Brasil), bem como no aprofundamento das estratégias adotadas pelo governo em relação aos riscos econômicos e geopolíticos (no caso dos EUA).
O caso dos EUA é muito diferente. Trata-se, em primeiro lugar, de um pleito presidencial, no qual tanto as políticas domésticas - especialmente as questões que envolvem impostos - quanto o andamento da política externa, notadamente a ocupação do Iraque, levarão a cabo a continuidade ou não de uma política fiscal perigosa em função da magnitude dos déficits produzidos e/ou uma política externa, baseada na força imperial norte-americana, sem que existam elementos sólidos que aglutinem em torno da Grande Democracia do Ocidente os seus tradicionais aliados. Um império sem Pax. Há, ainda, um segundo elemento embutido no momento eleitoral dos EUA. A oposição democrata tem enormes dificuldades em elaborar propostas políticas efetivamente "alternativas" aquelas que são propostas pelo Presidente Bush. Parece certo que o candidato do Partido Republicano não deve seguir, pelo menos no que tange à economia, os mesmos preceitos que hoje prega em comícios e aparições de TV, também está claro que está difícil saber o que será um Governo Kerry em matéria econômica. O mesmo vale em relação à política externa do democrata.
Há um paradoxo cristalino que vale para ambas as eleições, no Brasil e nos EUA. Se de um lado, o Brasil se beneficia de um cenário externo aparentemente benigno, de outro, para aqueles que analisam com profundidade as entranhas dos problemas políticos e econômicos mundiais, vê-se que há tantos fatores inconsistentes que o futuro da economia mundial pode não ser tão benigno. Dos riscos geopolíticos até as dúvidas sobre o andamento da economia chinesa vemos um mundo cheio de problemas cujas soluções não estão a caminho. Ao contrário, as nuvens prosseguem carregadas.
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