Advogada brasileira acusa polícia de agressão em aeroporto de Portugal
Priscila Corrêa relata ter sido retirada à força de voo no Porto e acusa policiais de violência, humilhação e abuso.
Da Redação
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Atualizado às 17:16
A advogada brasileira Priscila Corrêa, especialista em imigração e direitos humanos e residente em Portugal, publicou em seu perfil do Instagram uma série de vídeos em que denuncia ter sido retirada de forma violenta de um voo da companhia aérea Ryanair, no aeroporto do Porto, por policiais portugueses.
Segundo ela, os agentes rasgaram sua blusa, a algemaram por horas e a impediram de seguir viagem para Madri, onde participaria de um congresso.
"Fui retirada do avião por policiais portugueses, agredida, com meu corpo exposto. Tive meu seio exposto. Fui machucada no braço, na canela, no corpo inteiro. Estou cheia de hematomas", afirmou em uma das gravações.
O que aconteceu?
Priscila embarcaria para Madri, onde participaria de um congresso, quando o episódio começou.
Segundo ela, havia despachado uma mala grande e, no guichê da Ryanair, foi informada de que poderia levar a bagagem de mão na cabine. Após jantar, retornou ao embarque e foi surpreendida pela negativa de uma funcionária, que a impediu de seguir com a mala.
"Fui super bem atendida no guichê, despachei minha mala grande e a de mão me disseram que podia levar. Fui jantar, voltei, e no embarque uma mulher começou a gritar comigo, de forma absurda. Eu chamei a polícia achando que eles iam me ajudar, porque eu tinha razão. Mas fui tratada como lixo", relatou.
Segundo a advogada, o que se seguiu foi uma escalada de violência e humilhações.
"Cinco policiais portugueses vieram. Eu mostrei a eles meu assento, o comissário já tinha me dado boa noite. Mesmo assim, me mandaram calar a boca. Um deles me deu uma banda e caí. Rasgaram minha blusa, expuseram meu seio. Fiquei quatro horas algemada. Me xingaram. Implorava para não ser levada. Me tiraram como uma criminosa. Eu chorava e ninguém fazia nada."
Ela afirmou que os policiais a xingaram, pressionaram sua cabeça, feriram seu pulso e a trataram como se fosse uma criminosa.
"Eu chorava, implorava para não ser levada. Ninguém fez nada. Eu gritava que queria meu advogado, que queria ligar para alguém."
Priscila relatou ter sido conduzida à delegacia e obrigada a comparecer, no dia seguinte, a um tribunal nos arredores do Porto.
Medidas
Ainda abalada, afirmou que sentiu na pele o mesmo tratamento que denuncia em sua atuação em defesa dos imigrantes.
"Tudo o que eu denuncio aconteceu comigo. Tudo o que eu falo sobre o racismo e o abuso policial aqui em Portugal, aconteceu comigo. É uma dor que não cabe no peito. É uma dor de ser imigrante, mulher, brasileira e não ter sido ouvida. Eu fui criminalizada por falar."
Ao mostrar os hematomas nos braços e pernas, ela se emociona:
"Eu fui presa por tentar me defender. Me rasgaram, me humilharam, me silenciaram. Não foi excesso, foi abuso. Mas eu não vou me calar. A vergonha não é minha."
A advogada ainda informou que o processo judicial está em andamento.
"Vou provar que não fiz nada. Vou mostrar a todos como agem com os imigrantes. Vou transformar isso em denúncia pública, política, jurídica."
Veja os vídeos: