Braga Netto nega entrega de dinheiro em caixa de vinho a Mauro Cid
General contestou versão de Mauro Cid e afirma que nunca pediu ou entregou recursos para financiar acampamentos em frente a quartéis.
Da Redação
terça-feira, 10 de junho de 2025
Atualizado às 19:27
O general Walter Braga Netto, preso desde desde dezembro de 2024, negou nesta segunda-feira, 10, em depoimento ao STF, ter entregado dinheiro vivo em caixa de vinho ao tenente-coronel Mauro Cid, como afirmou o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O interrogatório ocorreu por videoconferência no STF, no âmbito do inquérito que apura uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Cid, Braga Netto teria obtido valores junto a empresários do agronegócio e os repassado para apoiar financeiramente os coronéis Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, ligados a articulações antidemocráticas.
No entanto, o general refutou categoricamente essa versão: "Eu não tinha contato com empresários. Eu não pedi dinheiro para ninguém e não dei dinheiro nenhum para o Cid".
"Era alguma coisa a ver com campanha"
Braga Netto disse que Mauro Cid teria o procurado para saber se o PL poderia auxiliar financeiramente O general então indicou que ele procurasse o tesoureiro do partido, coronel Azevedo, sem tomar conhecimento do motivo exato do pedido.
"Então, era comum outros políticos, através, ou do presidente Valdemar, ou do próprio presidente Bolsonaro, ou de outras pessoas, pedirem para pagar contas de campanha atrasadas, dentro do previsto. O Cid veio atrás e perguntou, 'general, o PL pode conseguir algum recurso que nós estamos precisando?' Na minha cabeça tem alguma coisa a ver com campanha."
"Os empresários estavam interessados no Bolsonaro"
Ainda durante a oitiva, Braga Netto enfatizou que nunca entregou valores em caixa de vinho, como insinuado por Cid, e ironizou: "eu não tinha esse dinheiro, eu não tinha contato com os empresários. Os empresários estavam mais interessados no presidente Bolsonaro do que em mim, presidente".
O general também voltou a negar ter tido qualquer participação em reuniões para articular medidas golpistas, como a realizada em sua casa em novembro de 2022, mencionada pelo próprio Cid.
O ex-ministro está preso desde dezembro de 2024, sob acusação de obstrução de justiça, por suposta tentativa de acessar ilegalmente trechos da delação de Mauro Cid. Ele nega qualquer participação em planos para atacar a democracia ou autoridades do Judiciário. Segundo relatou, ao fim da campanha eleitoral, "ainda devolvemos um dinheiro para o PL".