Letramento digital é peça-chave para uso da IA, alerta Laura Porto
Especialista destacou riscos da desinformação jurídica gerada por inteligências artificiais generativas e defendeu instrução digital como medida preventiva.
Da Redação
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Atualizado às 10:18
O avanço das tecnologias de inteligência artificial tem provocado profundas transformações no meio jurídico, trazendo facilidades, mas também novos desafios.
Em entrevista à TV Migalhas, a especialista em Direito Digital, Proteção de Dados e Direito Notarial e Registral, Laura Porto, alertou para os riscos do uso indiscriminado dessas ferramentas e defendeu o letramento digital como condição essencial para seu uso responsável.
Segundo ela, o uso crescente de ferramentas de IA generativa, como chats automatizados, exige do profissional não apenas familiaridade tecnológica, mas uma compreensão crítica sobre os limites dessas plataformas.
Laura ressaltou que a educação digital deve ser tratada como base estrutural na discussão sobre inovação no sistema de Justiça.
"Todos nós acabamos utilizando essas ferramentas que são fáceis de acessar, mas a gente não conhece profundamente como funcionam", afirmou.
Confira a entrevista:
A especialista alertou especialmente para o uso indiscriminado de plataformas generativas, projetadas para fornecer respostas consideradas "perfeitas", mesmo que baseadas em dados imprecisos ou inexistentes.
"A IA vai te trazer a melhor jurisprudência, mas muitas vezes essa jurisprudência não é real. Ela inventa para parecer perfeita", destacou.
O fenômeno das chamadas "alucinações" das IAs - respostas fictícias apresentadas com alto grau de plausibilidade - tem gerado repercussão no meio jurídico.
Laura citou casos em que advogados confiaram em decisões e tribunais inexistentes gerados por IA, arriscando comprometer a integridade de suas petições. "Se você não tem a diligência de procurar, de ir olhar, você pode ter um problema", disse.
Mais do que aprender a usar ferramentas, ela defende que o Judiciário e a advocacia precisam saber avaliá-las criticamente.
"Instrução, educação digital, letramento digital: esse é um dos pontos basilares para lidarmos com a IA no Direito."
Seminário online
No próximo dia 14, Migalhas promoverá o seminário online "Advocacia 5.0: Inteligência Artificial e o Direito do Futuro", das 9h às 12h30.
Coordenado por Lara Porto, o evento reunirá especialistas para debater os efeitos da IA no setor jurídico, abordando temas como o projeto de lei sobre IA e seus desdobramentos.
Entre os palestrantes confirmados estão o ministro do STJ Ricardo Villas Bôas Cueva, a professora Laura Schertel Mendes e o advogado Fabrício Mota Alves.
O evento
O XIII Fórum de Lisboa acontece de 2 a 4 de julho e tem como tema "O mundo em transformação - Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente". O evento reúne autoridades e acadêmicos de diversas áreas para discutir como a chegada da Era Inteligente tem moldado as relações entre Estados, instituições, empresas e sociedade.