Militar admite texto com prisão de ministros, mas nega plano golpista
Hélio Ferreira Lima afirmou que se tratava de uma ferramenta de análise hipotética produzida no âmbito da inteligência militar.
Da Redação
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Atualizado às 17:46
Durante depoimento ao STF nesta segunda-feira, 28, o tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima admitiu ser o autor do documento intitulado "Desenho Operacional Luneta", encontrado em um pendrive apreendido pela Polícia Federal. O conteúdo previa, entre outras ações, a "prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade" e a "neutralização da capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes". No entanto, o militar negou que o material configurasse um plano golpista e afirmou que se tratava de uma ferramenta de análise hipotética produzida no âmbito da inteligência militar.
Segundo Lima, o documento fazia parte de um exercício de "cenário prospectivo", previsto nos manuais do Exército Brasileiro, e teria sido elaborado como preparação teórica caso houvesse uma constatação oficial de fraude nas eleições de 2022. O tenente-coronel relatou que a proposta foi abandonada após dois dias, por ordem de um superior, e que não chegou a ser apresentada formalmente nem compartilhada com outros militares.
"Esse documento é como se fosse um esboço, é um rascunho. É um estudo de cenário prospectivo que é previsto nos nossos manuais", declarou. Ainda de acordo com ele, o objetivo seria subsidiar discussões internas e antecipar respostas institucionais caso surgissem fatos graves, como a eventual invalidação do pleito presidencial.
Durante o depoimento, Hélio Ferreira Lima afirmou também que não houve ilegalidade na reunião realizada em 12 de novembro de 2022 no apartamento do general Walter Braga Netto, onde também estiveram outros militares. Ele negou qualquer discussão de plano de golpe nesse encontro e classificou o clima da reunião como "de velório".
O militar, com formação em Forças Especiais, é réu na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. Ele integra o chamado "núcleo 3" da denúncia da PGR, que abrange dez acusados: nove militares e um policial federal.