Carla Zambelli é presa em Roma após alerta de parlamentar italiano
Deputada estava foragida após ser condenada pelo STF por envolvimento em invasão ao sistema do CNJ.
Da Redação
terça-feira, 29 de julho de 2025
Atualizado às 18:11
A deputada Carla Zambelli foi detida nesta terça-feira, 29, na Itália, após ação da polícia local em um apartamento em Roma. A informação foi confirmada pelo ministério da Justiça brasileiro.
A captura ocorre semanas após a parlamentar ter sido condenada pelo STF a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão aos sistemas do CNJ - Conselho Nacional de Justiça, ao lado do hacker Walter Delgatti.
Foragida desde maio, Zambelli havia deixado o Brasil rumo aos Estados Unidos e, posteriormente, à Itália, onde buscava refúgio amparada por sua cidadania italiana.
Sua localização foi revelada pelo deputado ambientalista Angelo Bonelli, que, em publicação na rede social X, informou ter repassado o endereço da ex-parlamentar às autoridades italianas:
"Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polizia esta identificando Zambelli", escreveu ele.
Carla #Zambelli e' in una casa a Roma. Ho comunicato alla polizia l'indirizzo ed in questo momento la polizia ha identificato Zambelli.
— Angelo Bonelli (@AngeloBonelli1) July 29, 2025
Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polizia esta identificando Zambelli. pic.twitter.com/UWDg3j7Hen
Em nota, o ministério da Justiça afirmou que "a medida é resultado de cooperação policial internacional entre a Polícia Federal, a Interpol e agências da Itália" e que Zambelli será "submetida ao processo de extradição, conforme os trâmites previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário".
A condenação
Carla Zambelli foi considerada responsável intelectual pela invasão aos sistemas do CNJ, executada pelo hacker Walter Delgatti Neto.
A ofensiva incluiu a inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e alvarás de soltura fraudulentos, alguns em favor de membros de facções criminosas. A 1ª turma do STF entendeu que o objetivo era abalar a credibilidade do Judiciário e gerar repercussão política.
A condenação unânime fixou 10 anos de prisão, pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos e perda do mandato, condicionada ao trânsito em julgado.
Fuga do país
Após a decisão, Zambelli deixou o Brasil em meio à tramitação de recursos contra a condenação. A Procuradoria-Geral da República solicitou a prisão preventiva de Zambelli.
O pedido foi acolhido pelo relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, que destacou a "insistência nas condutas criminosas" e o risco de reiteração delitiva. Segundo Moraes, a fuga teve o propósito de frustrar a aplicação da lei penal.
Além da prisão preventiva, Moraes determinou o bloqueio de redes sociais e de bens da parlamentar, suspensão do passaporte diplomático, sequestro de ativos e inclusão de seu nome na difusão vermelha da Interpol.
Outros processos
A ex-deputada também é ré em ação penal no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, após perseguir um jornalista em 2022.
Já há maioria pela condenação a 5 anos e 3 meses de reclusão, mas o julgamento está suspenso por pedido de vista.
No TSE, ela também responde a processo por desinformação eleitoral.