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Crimes militares

STF discute penas de estupro praticado por militar; ministros divergem

Cármen Lúcia votou por aplicar o Código Penal comum a militares em casos de estupro de vulnerável; Cristiano Zanin divergiu.

Da Redação

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Atualizado às 16:21

O STF tem dois votos a um para que casos de estupro de vulnerável cometidos por militares em serviço, quando houver o agravante de lesão corporal grave, sejam julgados de acordo com o Código Penal, com penas mais severas.

A relatora Cármen Lúcia abriu o julgamento defendendo penas mais duras para militares. Na divergência, Cristiano Zanin afirmou que a escolha cabe ao Legislativo e não ao STF.

Veja a tabela:

Disparidade nas penas

A PGR sustenta que o CPM - Código Penal Militar, após a lei 14.688/23, deixou de prever a qualificadora nesse tipo de crime. A diferença entre as legislações é clara: no Código Penal comum, o estupro de vulnerável com lesão grave é punido com reclusão de 10 a 20 anos; já no militar, a pena vai de 8 a 15 anos.

Para o Ministério Público, essa disparidade representa um retrocesso na proteção de crianças, adolescentes e pessoas com deficiência.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a AGU também defenderam a procedência da ação, afirmando ser inconstitucional uma pena mais branda para militares em comparação à legislação comum.

Em junho, o julgamento começou no plenário virtual, mas foi interrompido por pedido de destaque da ministra Cármen Lúcia. Retomado na última sexta-feira, 22, nesse mesmo formato, deve seguir até a próxima sexta-feira, 29.

 (Imagem: Adobe Stock)

STF julga se militares que cometem estupro de vulnerável devem receber as mesmas penas previstas para civis.(Imagem: Adobe Stock)

Proteção insuficiente às vítimas

A ministra Cármen Lúcia considerou que essa redução de pena no âmbito militar é inconstitucional, por enfraquecer a proteção garantida às vítimas mais vulneráveis.

"O abrandamento punitivo do crime militar de estupro de vulnerável que resulte em lesão corporal grave ou gravíssima mostra-se inconstitucional por ser insuficiente a proteção oferecida e que é devida aos direitos fundamentais à dignidade sexual e à integridade corporal e psíquica de crianças, adolescentes e pessoas com deficiência."

A ministra destacou que a diferença entre as duas legislações cria um cenário de "revitimização", ao colocar crianças, adolescentes e pessoas com deficiência em situação de menor proteção quando o agressor é militar.

Defendeu que, na ausência de previsão adequada no CPM, deve prevalecer a aplicação do Código Penal comum, conforme já permite o próprio art. 9º da lei castrense.

Cármen Lúcia também propôs que a decisão do Supremo produza efeitos a partir da publicação da ata do julgamento, para evitar insegurança em processos já concluídos.

O ministro Alexandre de Moraes acompanhou a relatora.

  • Leia o voto de Cármen.

Respeito ao legislador

O ministro Cristiano Zanin abriu divergência. Para S.Exa, a ausência de uma qualificadora específica no CPM não significa impunidade, pois estupro, lesão corporal ou até homicídio podem ser julgados separadamente e somados na pena final.

Zanin também afirmou que o artigo que previa "presunção relativa de violência" já foi superado pela lei de 2023, afastando a alegação de fragilidade na proteção às vítimas.

Por fim, o ministro ressaltou que a simples diferença de penas entre o Código Penal comum e o militar não é suficiente para declarar inconstitucionalidade, pois cabe ao Congresso, e não ao STF, ajustar esse tipo de escolha.

"É preciso respeitar o espaço de conformação do legislador", afirmou, ao votar pela manutenção das regras atuais e pela rejeição da ação.

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