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Reforma do Código Civil

Em audiência pública, ministro Salomão defende inclusão de Direito Digital no Código Civil

Presidente da comissão de juristas apresentou propostas do anteprojeto que embasa o PL 4/2025 e ressaltou a necessidade de adequar a legislação à sociedade digital.

Da Redação

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Atualizado em 10 de outubro de 2025 11:33

Durante a audiência pública da Comissão Temporária do Senado Federal que analisa o PL 4/25, o ministro do STJ e presidente da comissão de juristas responsável pelo anteprojeto, Luis Felipe Salomão, apresentou as principais diretrizes da proposta de atualização do Código Civil.

O ministro afirmou que a reforma busca adequar a legislação a um mundo em "transição da sociedade analógica para a digital", marcado por transformações tecnológicas e novos modelos de relação jurídica.

  • Confira a íntegra do pronunciamento.

Citando temas como inteligência artificial, criptoativos, economia de compartilhamento e reprodução assistida, Salomão destacou que o atual Código, de 2002, "já não responde integralmente às novas realidades sociais e econômicas".

Segundo ele, a proposta foi construída após amplo debate público, com audiências em todo o país e análise de centenas de sugestões, e tem como eixos estruturantes:

  • autonomia da vontade e liberdade contratual,
  • valorização do empreendedorismo e do ambiente de negócios,
  • desjudicialização de procedimentos, e
  • reforço da segurança jurídica.

Entre as inovações, Salomão apontou a criação de um livro dedicado ao Direito Digital, destinado a regular direitos fundamentais no espaço cibernético e o uso da inteligência artificial.

Também mencionou o reconhecimento jurídico dos animais como seres sencientes, a ampliação do conceito de família, incluindo casamento, união estável e família parental, e a possibilidade de testamentos em formatos acessíveis, como braille e Libras.

O ministro lembrou que o Código Civil vigente, concebido por Miguel Reale e aprovado após mais de 30 anos de tramitação, já foi alterado por 64 leis e acumula mais de 50 propostas de emenda pendentes.

Para ele, "chegou o momento de promover uma atualização responsável, preservando os princípios de socialidade, eticidade e boa-fé que estruturam o diploma de 2002".

Ao encerrar a exposição, Salomão enfatizou que o texto entregue ao Parlamento é fruto de "um esforço coletivo de civilistas e magistrados comprometidos com o futuro do Direito Civil brasileiro", e que a tramitação legislativa será o espaço natural para "os ajustes e aperfeiçoamentos necessários".

Veja trecho da fala:

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