MP/SP denuncia Lucas Bove e pede prisão por descumprir protetivas
Ministério Público denunciou o deputado estadual por perseguição, violência psicológica, física e ameaça contra a ex-esposa, Cíntia Chagas.
Da Redação
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Atualizado às 11:14
O MP/SP denunciou o deputado estadual Lucas Diez Bove por perseguição, violência psicológica, física e ameaça contra a ex-esposa, Cíntia Chagas, e pediu à Justiça a prisão preventiva do parlamentar por supostos reiterados descumprimentos de medidas protetivas. A denúncia foi apresentada nesta quinta-feira, 23, pela promotora Fernanda Raspantini Pellegrino.
Segundo o MP, Bove tem ignorado determinações judiciais impostas desde o início do processo e "demonstra desprezo pelas restrições protetivas", mesmo após ter sido intimado e advertido pessoalmente e por seus advogados.
Para a promotoria, as medidas alternativas já não são suficientes para garantir a integridade física e psicológica da vítima. O órgão afirma ainda que a conduta do deputado expõe Cíntia a "desgaste emocional e revitimização", em razão de postagens nas redes sociais que fariam referência direta à ex-esposa e ao caso judicial.
A denúncia amplia o escopo do inquérito policial, que havia concluído pela inexistência de provas de lesão corporal. O Ministério Público, porém, considerou o relato de Cíntia e incluiu o crime entre as acusações formais. A influenciadora celebrou a decisão nas redes sociais: "Para quem duvidou: lesão corporal. Hoje, durmo aliviada. Sigo acreditando na Justiça", escreveu.
O MP argumenta que o pedido de prisão é necessário diante da reiteração de condutas e da "ausência de limites legais observada pelo investigado". A promotoria também aponta a existência de "histórico de violência", citando outro procedimento no qual já teria sido oferecida denúncia contra o parlamentar.
Histórico do caso
Em setembro de 2024, Cíntia Chagas, que tem mais de 7,6 milhões de seguidores, denunciou o então marido à Polícia Civil, relatando abusos físicos e psicológicos durante o relacionamento de mais de dois anos. Ela afirmou que o deputado apresentava comportamento ciumento, com cobranças excessivas e episódios de agressão verbal e física, incluindo um caso em que teria sido atingida por uma faca arremessada por Bove. O casal havia se separado em agosto do mesmo ano.
Após o depoimento, a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher instaurou inquérito e solicitou medidas protetivas, posteriormente concedidas pela Justiça.
O inquérito policial foi concluído em setembro de 2025 e encaminhado ao Judiciário. No mês seguinte, Bove foi indiciado por perseguição e violência psicológica. O Conselho de Ética da Alesp, contudo, arquivou a representação por quebra de decoro parlamentar apresentada contra ele.
Manifestações
Nas redes sociais, Cíntia Chagas disse receber a denúncia "com serenidade e inabalável confiança na Justiça". Afirmou que "a violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana" e fez um apelo para que vítimas de violência não se calem.
Também em publicação nas redes sociais, Lucas Bove afirmou que o Ministério Público pediu sua prisão "por ele responder a uma pergunta sobre fatos públicos". Disse ainda que há laudos e depoimentos indicando ausência de dano psicológico e acusou a ex-esposa de violar o segredo de Justiça.
"Na qualidade de deputado, sinto vergonha em nome das milhares de vítimas reais de violência que muitas vezes deixam de denunciar justamente pela descredibilização que as falsas denúncias trazem à causa", escreveu.
O deputado declarou estar "em paz" e afirmou confiar na Justiça.





