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“Falta de humanidade”, diz advogado que teve negado adiamento por luto

Juíza manteve audiência no dia seguinte ao enterro de estagiária morta em acidente, mesmo após pedido do advogado e concordância das partes.

22/5/2025

Uma decisão judicial gerou perplexidade e comoção ante o indeferimento de um pedido de adiamento de audiência apresentado pelo advogado Leonardo Alves da Silva. A solicitação ocorreu em razão do falecimento trágico da estagiária de seu escritório, vítima de um acidente de trânsito na madrugada do último domingo, 18.

A redesignação foi negada pela juíza do Trabalho substituta Paula Araujo Oliveira Levy, da vara do Trabalho de Indaiatuba/SP, por falta de previsão legal.

Ao Migalhas, Leonardo lamentou o que classificou como falta de humanidade:

"A Justiça precisa ser firme, sim, mas também precisa lembrar que do outro lado estão seres humanos. Não somos máquinas. Uma decisão mais empática era não só possível, como necessária."

Assista à entrevista:

O advogado reforçou que esperava da Justiça não apenas a aplicação fria da norma, mas a sensibilidade necessária diante da tragédia que atingiu o escritório.

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Pedido humanitário

Com o enterro da jovem marcado para a segunda-feira, 19, e a audiência marcada para o dia seguinte, o advogado peticionou ainda no domingo solicitando a suspensão do ato processual, justificando que ninguém da equipe estava em condições emocionais para comparecer. No pedido, foi informado que o próprio reclamante — parte mais interessada no andamento célere do processo — concordava com a suspensão.

Apesar do apelo fundamentado e da concordância da parte contrária durante a audiência, a magistrada negou o pedido alegando ausência de previsão legal e sugeriu que fosse feito substabelecimento para outro advogado.

"A juíza sugeriu que o cliente escolhesse outro advogado para representá-lo. Mas ele não escolheu outro, ele me escolheu. Por isso estive lá", afirmou Leonardo ao Migalhas.

A tragédia

Kyra estava no banco do passageiro de um carro que colidiu com um ônibus em Suzano/SP. A colisão, ocorrida na madrugada do domingo, vitimou também Thalita Marques, que estava no banco de trás. O sepultamento de Kyra aconteceu na segunda-feira, 19 — mesmo dia em que a juíza indeferiu o pedido de redesignação da audiência.

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