Ministro Gilmar Mendes determinou que a AGU inclua no pedido de extradição da deputada Federal Carla Zambelli, enviado à Itália, a ação penal em que a parlamentar é acusada de perseguir um homem armado em plena via pública, no dia anterior ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
O processo já está em julgamento no STF e deve ser retomado em 15 de agosto, por meio do plenário virtual.
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Apesar da paralisação em março de 2025 por pedido de vista do ministro Nunes Marques, o caso já conta com maioria pela condenação da parlamentar.
Além do voto do relator, Gilmar Mendes, já haviam se manifestado pela condenação a ministra Cármen Lúcia e os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
Entenda o caso
Segundo a denúncia do MPF, a deputada sacou uma pistola e perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo, após discussão política em frente a um restaurante. A perseguição continuou até uma lanchonete, onde, sob a mira da arma, Zambelli obrigou a vítima a deitar-se no chão.
A defesa alegou que Zambelli possuía porte legal de arma e agiu para conter um suposto flagrante, acreditando que o homem estivesse armado.
O MPF, contudo, rejeitou essa versão, afirmando que a autorização não permitia uso ostensivo e que não havia elementos que justificassem flagrante ou legítima defesa.
Dois processos penais no STF
Zambelli já foi condenada pelo Supremo a 10 anos de reclusão em outra ação penal, por falsidade ideológica e invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça, em 2023.
No segundo processo, agora incluído no pedido de extradição, ela responde pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, conforme denúncia apresentada pela PGR.
Prisão na Itália
Zambelli foi presa em 29 de julho, em Roma, onde permanecia desde maio, quando deixou o Brasil após a condenação no primeiro processo. Com dupla cidadania, tenta obter asilo político e ser julgada na Itália.
Durante audiência de custódia, negou as acusações, declarou-se perseguida politicamente e expressou intenção de não retornar ao Brasil. A Justiça italiana decidiu manter sua prisão enquanto avalia o pedido de extradição brasileiro. Não há prazo definido para a decisão final.